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Solidão nunca mais

 

 

garcia.marquez

 

 

Gabriel é um mensageiro divino, anunciador de novos tempos.

Coube-lhe, segundo os cristãos, anunciar as vindas de João Batista e do Messias, que celebraria a nova aliança com os homens.

Foi ele também o encarregado de revelar o Corão ao Profeta, conforme creem os mulçumanos.

Para os que professam outra fé, um outro Gabriel veio anunciar um mundo novo, uma realidade mágica envolta numa auréola de sonhos e encantos que transfiguraram o universo literário.

Os que habitam nesse universo paralelo podem viver cem anos de solidão, mas não podem viver sem palavras. É com palavras que dão sentido ao que são, ao que acontece, ao que sentem. São viventes tecidos de palavras, o seu modo de viver se dá na palavra e como palavra.

Por isso, conforme registra o discípulo Alberto Manguel em uma de suas epístolas, quando os habitantes da Macondo revelada por Gabriel foram atacados por uma espécie de amnésia progressiva, para não esquecer do que o mundo significava para eles, fizeram rótulos e os penduraram em animais e objetos: “Isto é uma árvore”, “Isto é uma casa”, “Isto é uma vaca, e dela se obtém o leite, que, misturado com café, nos dá café com leite”.

Viver para contá-la. Depois de muito nos contar e alumbrar, Gabriel se foi de mansinho, no seu outono de patriarca, crônica da uma morte anunciada.

Mas não haverá solidão. Por ter estado entre nós e deixado sua palavra, jamais estaremos sós.

 

 

 “Dança da Solidão” (Paulinho da Viola), com ele e Marisa Monte

 

 

 

Sentimentos

 

 

 

“Sentimentos” (Mijinha), com Paulinho da Viola

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=A590p5AA65c[/youtube]

 

 

 

Mentiras cor-de-rosa

 

 

 

“Mente ao meu coração
Mentiras cor-de-rosa
Que as mentiras de amor
Não deixam cicatrizes
E tu és a mentira mais gostosa
De todas as mentiras que tu dizes”

 

 

“Mente ao meu coração” ((Francisco Malfitano / Pandiá Pires), com Paulinho da Viola

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=WrcgqK82DsE[/youtube]

 

 

 

Res furtiva

 

 

                                   Dinheiro nunca roubei,

                                   mas não me furto de

                                               olhares

                                               sorrisos

                                               amores

                                               canções

                                               poemas

                                               livros

                                               amigos

                                   que subtraio sub-reptício

                                   para regar o furtivo jardim

                                               de mim.

 

 

 

 “Como um ladrão” (Carlinhos Vergueiro) Paulinho da Viola e Carlinhos Vergueiro

Como Um Ladrão – Carlinhos Vergueiro e Paulinho Da Viola[freemp3q.com]

 

 

Meu tempo é hoje

 

 

No esplêndido documentário “Meu tempo é hoje” (a que tornei a assistir ontem) Paulinho da Viola fala bastante sobre o tempo, mas diz não ter saudade, nem viver no passado: “Meu tempo é hoje. Eu não vivo no passado, o passado vive em mim”

E se o passado, tudo aquilo que nos toca e sensibiliza, as coisas boas, que passamos ou de que apenas sabemos, levamos conosco, vivem com a gente, então é presente.

Paulinho, na sua majestosa singeleza, completa setenta anos, e o presente é nosso de ser presente com ele.

 

 

[youtube]https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=z4Iq01eom-I[/youtube]

 

 

 P.S. O outro Paulinho, amigo amigo, do poema abaixo, também é assim. Leva consigo o passado e dele faz presente a ele e a nós.