Amor tecedor
laboro com desvelo
a desfiar fibra por fibra
o novelo profuso da ternura.
Amoroso obreiro
teço a trama difusa
pontuada de alegrias
agonias e anseios.
No fim da urdidura
a tessitura inconsútil
num canto jaz
inútil
pois que a ti
(e também a mim)
já não apraz.
Tecedor do amor
o amor tece a dor.
Sou tecelão porque é muito bom
Em meu tear teço tudo
O amor, o prazer, o sonho, a fantasia
A realidade, a amizade e a imaginação
Gosto de tecer muito
E faço isso um pouco por dia
Mas ainda assim, contudo
Eu gosto muito mais de tecer poesia.
Essa é “do meu tempo”, do nosso tempo, do tempo em que nos embatíamos para cumprir o desafio proposto pelo velho e admirado amigo Pinot (é isso?). Também oficinei o meu
AMORTECEDOR
Um caso sério,
um caso de ternura, poesia…
Um caso de fantasia, ilusão, sonho.
Romântico.
Antiquado.
Romanticoantiquado.
Confusão de gestos e culpas
com fusão de palavras e atos,
hiato que a razão não preenche:
– o coração, sim.
Mas o coração é instável, aventureiro
e – poeta marginal –
confunde às vezes o que apenas é terno
com o que não pode ser definitivamente eterno.
E com a total liberdade desvairada
que só os loucos incuráveis possuem
(os loucos tem uma liberdade tão total e transcendente
que são livres até mesmo de si mesmos, mas não sentem)
o coração ousa usar de sua enfeitiçada insensatez
para se tornar magicamente criativo.
E cria o amor… do nada.
E o amor, incorrigível nascituro aprendiz de tecelão,
começa a trabalhar lá no fundo do coração.
E sobe… e desce.
Padece, mas tece.
Tece a dor.
O amor tece a dor.
Amortecedor.
Duelo de titãs… Dois poemaços merecedores de todos os abraços.
Beijocas, poetas!