Diante da porta do inferno,
de Dante ou de Iavé,
é vã toda a esperança,
tua carne perversa
será tragada de chofre
pela maré perene
de escaldante enxofre.
À porta do paraíso,
de Milton ou de Pedro,
é tudo liso e ancho,
sem nenhum segredo,
tuas asas de anjo
se abrirão em flores
na eterna primavera.
Mas, enquanto não fores,
a porfia do dia
te lança exorbitante
por mares nunca dantes,
e o barco escasso traça,
ao sabor do vento,
tua instável geografia.