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Lira dos Setentanos

 

 

Chico 70 anos 

 

Da nossa enviada especial a Paris:

“O que você preparou para Chiquito? Ele está aqui dando mole e a família chega do Rio hoje. Todos vieram comemorar os setentinha.

Selminha”

(Lá no Bloghetto tem mais: clique aqui)

 

 

“Chico Buarque é um dos maiores compositores do Brasil. É meu grande e querido amigo, muito bom de ter. Quieto e respeitador. Profissional extraordinário, estudioso, firme. É um homem lindo, maravilhoso, cavalheiro e deslumbrante. Comigo, é uma flor. Não poderia ser mais suave, amoroso e cuidadoso. Das canções que ele fez para eu cantar, não posso escolher uma. Todas são deslumbrantes. Estarão para sempre entre as melhores da minha vida. Isso já é um presente muito grande. Sou grata. Apaixonada por ele. E sua música alcança nobremente a todos. Com o melhor português, a melhor música, a melhor harmonia. Por isso é hora de parar de dizer que brasileiro tem ouvido burro. O brasileiro é sensível e sabe o que é bom. Chico faz aniversário um dia depois de mim. Sou do dia 18 de  junho e ele, do dia 19. Quando a gente estava fazendo o show de Chico & Bhetânia, no Canecão (no Rio em 1975), era um sucesso! Ficamos meses em cartaz. Estávamos no palco e resolveram fazer uma homenagem. No final do show, para tudo e entram as ‘canequetes’, de tapa sexo, cada uma com uma TV imensa e oferece para a gente. Chico me olhou e disse: ‘Nunca mais faço aniversário!’ Que vergonha que a gente passou! Mas ele é geminiano, adora fazer aniversário. Este ano ele não está aqui para eu dar um beijo nele. Mando de longe! Chico é tudo. É o máximo” (Maria Bethânia)

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=eCQi7KLxGOI[/youtube]

 

“Antonio, quando ela abre os braços para o Chico, a emoção é absolutamente visível. E a gratidão por cantar tamanha beleza com ele. ” (Selminha)

 

 

“Nossa parceria é fora do comum. Temos apenas duas músicas fora de projetos específicos, ‘Moto-Contínuo” e ‘Nego Maluco’. As outras 40 que fizemos jutos ‘têm patrão’: fizemos músicas para balés e musicais. O balé do Teatro Guaíra, de Curitiba, havia encenado ‘Jogos de Dança’, seis peças instrumentais que fiz. Eles me chamaram para fazer ‘O Grande Circo Místico’ e sugeri o Chico para fazer as letras, pela qualidade dele e porque ele tinha prática de teatro, a carreira dele foi por este caminho. Eu sempre interferi muito nas letras dos meus parceiros, pedindo para trocar uma palavra. Nunca fiz isso com o Chico na vida. Nenhuma letra eu tive que pedir algo, porque ele é completamente obcecado, escreve e reescreve. Crio a expectativa e normalmente vem uma letra melhor do que a que estou esperando. Além de ser um excelente compositor, ele consegue inventar um personagem, caso da ‘Lily Braun’ e da ‘Beatriz’ no ‘Circo Místico’. Nosso encontro foi bom para nós dois. Eu sou um melhor músico por conta do trabalho que fez comigo. Chico consegue adivinhar o que a música quer passar e, muito provavelmente, nem o autor da melodia pensou daquele jeito.” (Edu Lobo)

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=D207r2Te9U8[/youtube]

 

 

“Conheci o Chico na década de 1960 em festas na casa de amigos, em São Paulo. Carregávamos a indiferença pelos compromissos e as improvisações da juventude. O Chico ainda não era o Chico, era o ‘Carioca’, que começava a surgir com seu acanhamento e seu violão. Não pude deixar de atender ao chamado dele, em 1969, quando ficou exilado na Itália, me convidando para trabalhar com ele em shows. Chegando a Roma, não tinha show nenhum, e ainda dei dinheiro para o Chico saldar umas dívidas. Permaneci seis meses com ele na Itália, vivendo juntos momentos nem sempre animadores. Dois dias antes de voltar ao Brasil, deixei com ele um tema de despedida para que ele colocasse letra, consolidando o tempo que passamos juntos. Havia ser iniciado, em Fiumicino, pela última estrofe, o que, dois anos depois, seria concretizado como ‘Samba de Orly’, já com a sutil intervenção de Vinicius de Moraes. Porque Orly era o aeroporto no qual desembarcava a maioria dos brasileiros perseguidos pelo regime militar. Já éramos parceiros desde ‘Lua Cheia’, minha primeira composição. Depois fizemos ‘Samba pra Vinicius’. Recentemente, deixei com ele um tema, quem sabe não seja o prenúncio de uma nova canção. Mas nossa mais autêntica parceria é a amizade e a confiança que depositamos um no outro.” (Toquinho)

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=og0ecRWInQw[/youtube]

 

 

“O Chico é o mais completo letrista e poeta brasileiro. Se bem que chegando próximo dele vêm mais uns 8 ou 9. O que, no meu entender, prova que fazemos a melhor e mais rica literatura musical do planeta. E, além do letrista, é também um grande melodista. E conseguiu aliar em suas obras, lirismo, política, cultura popular e filosofia, dentro de uma poética surpreendente, rica, belíssima. Serviu de inspiração para tantos letristas novos, mantendo-se assim a tradição de qualidade de letras escritas no Brasil. ‘Renata Maria’, antes de lhe chegar às mãos, tinha o título provisório de ‘Buarquiana 1’. E lhe chegou às mãos através da cantora Leila Pinheiro, que foi a primeira a gravar. Chico me ligou um dia para dizer que iria colocar um nome de mulher, pois, na minha fita, havia um momentos em que ele achou que eu, no meu lararaiá, havia falado algo com sonoridade parecida. Também fizemos ‘Sou eu’, que era ‘Buarquiana 2’, e Diogo Nogueira gravou primeiro, com o Chico. Ele é metódico e meticuloso. E não corre contra o tempo, creio. Já tenho outras duas músicas guardadas para ele colocar letra. Mas não gosto de sair pedindo. Não sou ‘entrão’. Sou tímido com meus ídolos. E Chico é um deles. Nem sei como tive coragem de perguntar se eu podia mandar um samba pra ele.” (Ivan Lins)

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=wyVrBGuBCgI[/youtube]

 

 

A única unanimidade nacional.” (Millôr Fernandes)

 

“A coisa mais importante em matéria de música popular.”(Rubem Braga)

 

“Herói nacional, salvação do Brasil, mestre da língua. Tanta coisa que nem cabe aqui.” (Tom Jobim)

 

“De amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando (…) Viva a música, viva o sopro de amor que a música e banda vêm trazendo…” (Carlos Drummond de Andrade, depois de ouvir “A Banda”)

 

Talvez mestre Millôr tenha exagerado.

Chico não é (ou já não é) uma unanimidade.

Mas continua uma sumidade:

soma idade, mas a idade some dele.

Que assim seja, benfazeja!

 

 

 

Da arte de chutar tampinhas

 

            Annibal Augusto Gama

Annibal

 

 

 

 

 

 

Se você ainda não chutou tampinhas nas ruas, latinhas de refrigerante, etc., é decerto um homem infeliz ou mal humorado. Não conhece o prazer de chutar as tampinhas e latinhas, principalmente de madrugada e assobiando um samba ou uma marchinha do Carnaval. E como eu quero que todas as pessoas sejam felizes, vou ensinar-lhe a arte de chutar tampinhas.

Venha pela rua, descuidadamente, mas atento às portas dos botecos e às sarjetas. Ali está uma tampinha. Eu prefiro as tampinhas de Coca-Cola e também as latinhas da mesma bebida, mas não rejeito as demais.

Primeiro, você nunca deve agachar-se para pegar a tampinha ou a latinha, e colocá-las de jeito para que possam ser chutadas. Quem faz isso é um ignorante da arte. Você deve aproximar-se da tampinha, ou da latinha, juntá-la com as bordas dos sapatos, e dar um pulo, levando-as presas, de modo que elas sejam largadas na calçada, no ponto certo para ser chutadas. Então, recue um pouco, arme o chute com a ponta do sapato e aplique-o vigorosamente no alvo. O certo é que a tampinha chutada voe em linha reta para a frente, caindo e rolando a uns vinte metros de onde você está. Se a tampinha ou a latinha fizer uma curva e for cair de novo na rua, é porque você errou o chute, e ainda não está devidamente preparado por esta arte tão sutil. Com o tempo, e adestramento, porém, você chegará a ser um craque, e a tampinha cairá sempre lá na frente, no meio da calçada. Assim acontecendo, tome fôlego, venha correndo e chute de novo a tampinha. E continue, ainda que ultrapasse a rua da sua casa.

Você também, quando devidamente habilitado, pode fazer umas firulas. Levantar a tampinha ou a latinha com o bico do pé, apará-las com a cabeça e, quando elas vierem caindo, chutá-las, antes que cheguem ao chão. E se tiver um amigo que o acompanhe pelas ruas, durante a madrugada, disputar com ele o melhor chute, ou uns dribles.

Chutar tampinhas ou latinhas é muito melhor do que ser jogador profissional de futebol. Você não precisa de clube, estádio ou campo, empresário, torcida, campeonato, e todas essas bobagens que estão acabando com o verdadeiro ludopédio.

Vá chutando pelas ruas, dando passes de calcanhar, mas evite o tranco com o amigo que o acompanha. Apare a tampinha com o peito. Chute sempre para frente, em linha reta.  Não é permitido passe para trás. Corra, pare, chute. Também é um prazer ouvir o ruído da tampinha, ou da latinha, quando elas rolam pela calçada. Chute também a tampinha contra a parede para, quando ela voltar, você atingi-la com um chute de voleio. Jamais use as mãos. Levante a tampinha com os pés, para que o seu amigo chute.

Depois de uns oito quarteirões, você está suado e feliz. Encoste então a tampinha, ou a latinha, na parede, porque elas podem ainda servir na noite seguinte.

Só então você deve recolher-se à sua casa e beber um copo d’água. Cumpriu a sua missão.

E vá chutando, porque a vida é um chute, e só são vitoriosos os que chutam bem.

 

tampinhas

“Camisa Molhada” (Carlinhos Vergueiro / Toquinho), com Carlinhos

 

 

 

 

Desencontro

 

 

 

“Desencontro” (Chico Buarque), com Chico e Toquinho

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=yRckNmA05JI[/youtube]

 

 

 

De uma queda

 

 

Manu penta

 

 

                              Manuzinha de uma queda foi ao chão

                              e o queixo (que tanto beijo) se abriu

                              num sorriso rubro, sem graça.

                              Acudiram três cavalheiros,

                              todos de chapéu (e coração) na mão.

 

                              O primeiro foi seu pai,

                              o segundo, seu Babu,

                              o terceiro foi o doutor

                              que lhe costurou com cinco pontos.

 

                              Manuela levantou-se brava(mente)

                              lá da mesa do doutor,

                              chorou muito, mas depois passou

                              e o sorriso claro, com graça

                              para a boca lhe voltou.

 

                              A dor do Babu é que não passava

                              e ao doutor ele indagou 

                              se também podia costurar-lhe

                              o coração que sangrava.

 

 

“Menininha do meu coração
Eu só quero você
A três palmos do chão”

 

“Valsa para uma menininha” (Vinicius de Moraes / Toquinho), com os dois

 [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=5f-T3oUtSHI[/youtube]

 

 

 

E no entanto é preciso cantar…

 

 

“Marcha da quarta-feira de cinzas” (Vinicius de Moraes / Carlos Lyra), com Toquinho

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=kl6iknBuVNE[/youtube]

 

 

 

O aprendiz

 

 

poeta aprendiz

 

 

                                                           O APRENDIZ

 

                                   Houve um tempo em que tudo era tão novo,

                                   tão surpreendente, impressionante e aventuroso,

                                   o clarão do sol, o luar, as estrelas frias,

 

                                   o dia que sucedia à noite, os sons e as vozes

                                   que às vezes se pareciam ou distinguiam,

                                   o tesouro que se escondia do olho no fim do arco-íris,

 

                                   as letras que pouco a pouco povoavam e se escreviam

                                   em palavras e pensamentos que nele havia,

                                   mas ainda não sabia.

 

 

“O poeta aprendiz” (Vinicius de Moraes / Toquinho), com Adriana Partimpim

 [youtube]https://www.youtube.com/watch?v=GcwLeMiGF3g[/youtube]

 

 

 

Algum dia

 

 

                                               ALGUM DIA

 

                                               Um dia

                                               talvez do amor saibamos.

 

                                               Não a paixão do amor,

                                               que só ama a própria chama,

                                               não a ilusão do amor,

                                               esperança que se engana,

                                               mas o amor outra cosmogonia

                                               que tudo engloba e o universo transmuda.

 

                                               O amor benfazejo cativeiro

                                               daquele que não cabe só em si

                                               e só no outro vive inteiro.

                                               O amor outro idioma e outra grafia,

                                               que precisamos aprender

                                               desde as primeiras letras

                                               para só então traduzi-lo.

 

                                               O amor antropofagia,

                                               que no outro se devora,

                                               moléculas e espíritos se fundem

                                               e confundem no vasto cosmo

                                               em que um sol ou uma estrela serão

                                               um dia.

 

dia

 

“Eu sei que vou te amar” (Vinicius de Moraes / Tom Jobim), com Maria Creuza, Vinicius e Toquinho 

 

 

 

Croquibilu, a saga

 

 

 Eu meninoNa pedregosa Pedregulho, de terra vermelha e chão batido, com poucas ruas asfaltadas, o menino se esbaldava em total liberdade.

Próximo da casa o curral onde se buscava e bebia todas as manhãs o leite acabado de tirar. O campinho de futebol em frente, os eucaliptos, o grupo escolar um pouco acima.

Abaixo, atravessando uma vala equilibrando-se na pinguela estreita e improvisada com troncos de árvore, havia um grande pasto com um riacho, que empoçava e formava um brejo mais ao fundo . Foi ali que viu o sapão pela primeira vez. Havia outros, mas aquele era o rei, o macho alfa. Voltou várias vezes para admirá-lo. Num dia em que o sapão estava mais pachorrento do que de costume, atirou-lhe umas pedrinhas para que saltasse ou exibisse seu lingueirão repentino, mais rápido do que o saque de qualquer pistoleiro do Velho Oeste. Foi então que um dos amigos o alarmou:

─ Xiiiii, você não devia fazer isso, provocar o sapo! Agora tem de matar, senão ele vai à noite na sua cama e mija em você!

Não tinha coragem nem vontade de fazer mal algum ao pobre sapo, só queria mesmo atiçar ele um pouco. Claro que estava fora de cogitação matá-lo, mas ficou impressionado com a lorota do amigo, e passou duas ou três noites incomodado, acordando sobressaltado durante a noite. De dia, ia ver se o sapão continuava por lá. Será que de noite…?

Acabou contando sua aflição para o pai, que riu muito e lhe disse que aquilo tudo era bobagem. Foram juntos ver o sapão e na volta o pai, talvez para tranquilizá-lo de vez, contou-lhe que o avô era grande amigo dos sapos e até tivera um de estimação na fazenda que ficava ali perto, em Rifaina, na divisa com Minas Gerais, e que depois vendeu para quitar dívidas da grande crise cafeeeira.

─ Como você é neto do Coronel Asdrúbal, não precisa ter medo de sapos. Eles fazem parte da família…

Um dia, remexendo nos escritos do pai, reencontrou a história do sapo avoengo.

 

CROQUIBILU

AnnibalCroquibilu era um sapão de mais de um palmo grande aberto, e achou de vir aos pulos balofos até à escada, subindo-lhe igualmente os degraus, e achou-se afinal no piso do alpendre. Então, foi indo, e escolheu um lugar, ali no canto, entre um caixote e um latão, e se acomodou, confortável. Logo viria, pois era noite, a lamparina de querosene, que foi posta em cima do parapeito. E as mariposas, imediatamente, começaram a rodar em torno da luz. Aquilo foi um gozo para o sapão Croquibilu, pois era só estender a língua e papear as bicihinhas. No entanto, alguém o viu ali e gritou: “Que horror, um sapão!”, pois a Mãe tinha muito medo dos sapos. Mas o Pai também veio vindo, viu Croquibilu no seu sossego, e recomendou: “Deixem o sapo em paz!” E assim se fez.

Logo que amanhecia, mal o sol despontava no horizonte, o Pai pegava a vassoura, e ia empurrando o sapão: “Vamos, amigo!”, e Croquibilu saltava uns palmos adiante – póf! Chegavam ambos até a escada, e desciam-na do mesmo jeito até alcançar, varando a porteirinha, o pasto, onde o sapão ficava, ou ia para os brejos, não longe. Ao entardecer, porém, Croquibilu retornava, galgava os degraus da escada, e ia para o seu canto habitual, a papejar as mariposas.

Longo tempo este ritual se repetiu, e Croquibilu já era um membro estimado da família.

 

 Vô Asdrúbal

Muitos anos depois, a trineta do Coronel Asdrúbal desde cedo se mostrou maravilhada pelos sapos, um dos seus bichos prediletos.

Quem sabe um deles se transforme no seu príncipe encantado? Aí eles poderão dormir e sonhar juntos.

 

Manu Sapinha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ponto a ponto, mano a mano

 

         Brenno Martins

Brenno (miniatura)

 

 

 

 

 

 

 

                                       Quero ficar junto a ti

                                       como juntas ficam as reticências…

                                       porque uma reticência só

                                       é só um ponto.

                                       Final.

 

                                       Diferente dos dois pontos:

                                       que esperam uma explicação

                                       e o amor não se explica…

                                       é só amor.

                                       Ponto final.

 

 

reticencias 

   

          Tom Gama

 Eu (preto e branco)

 

 

 

 

 

 

 

 

                              Com quantas linhas se escreve um conto?

                              Com quantos pontos me conto?

                              Em que ponto dessa tortuosa linha

                              paralela do infinito me encontro?

 

                              Só quando saio da linha

                              e salto fora da pauta

                              é que sinto o sobressalto da vida

                              ao compasso de mim mesmo.

 

                              Passo a passo me repasso

                              traço a traço me escrevo

                              até que a linha se apague

                              e acabe o conto sem ponto final

 

 

 “Desencontro” (Chico Buarque), com ele e Toquinho

 [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=yRckNmA05JI[/youtube]

 

“Sobrou desse nosso desencontro

Um conto de amor

Sem ponto final”