Não me lembra agora se li em algum lugar ou se me contaram, sei que me ficou na cabeça a ideia.
O pai de Gwyneth Paltrow levou-a ainda adolescente para lhe apresentar Paris, dizendo: “Queria que o primeiro homem que te levasse a Paris fosse alguém que nunca te decepcionasse”.
Carolina e Isabella conheceram Paris sem mim. E não se decepcionaram, felizmente.
Júlia veio comigo pela primeira vez. Espero que não a decepcione nunca, para que Paris lhe seja sempre uma festa, como tem sido nestes dias.
Manuela, aos três, também veio pela primeira vez.
Não veio apenas com Babu, mas veio também com Babu, que pela primeira vez vê Paris encantando-se pelos olhos dela.
De alumbramento em alumbramento, nenhum vão momento.
Como destacar apenas um?
Talvez pela minha fixação pelas palavras, escolho a descoberta de outras línguas, que não a dela.
Veio preparada para dizer as duas palavrinhas mágicas em Paris, “bonjour” e “merci”, mas num parquinho se encontra, e confronta, com outras crianças, que falam francês, inglês, japonês e alemão.
Desperta para tantas outros idiomas, mas não se aperta.
Inventa o próprio o idioma, cheio de sonoridades.
A palavra mais repetida, e divertida, desse javanês manuelino é “záyom”, que serve como uma espécie de argumento de autoridade ou comando definitivo.
A menininha lhe diz em inglês, “jump” ou “no” e ela retruca com um inquestionável e fulminante “záyom”!
Na Pont des Arts, ela ficou maravilhada com os cadeados encadeados para que as pessoas que se amam nunca se separem.
Todos colocamos um, e é ela quem joga as chaves de cada um nas águas do Sena.
Depois, sorridente, me diz: “Babu, agora mamãe, papai, você, todo mundo nunca mais vai morrer”.
Como não morrer?