Quando Robinho, magrinho e de canelinhas finas, naquela inesquecível final contra o Corinthians (que me perdoem os fiéis mosqueteiros), pedalou e atordoou o zagueiro Rogério, este torcedor até então sofrido e saudoso do grande Santos F. C. de glórias mil (que começaram com um outro negrinho de pernas finas), escrevinhou uns versos de ocasião, que ficaram na gaveta.
No jogo de ontem da seleção brasileira, o drible dado no botinudo e falastrão Zambrotta (que o diga Zidane) e nos demais defensores da Azzurra, famosa pelo seu catenaccio, me anima a publicá-los aqui.
VIDA E BOLA
(às “pedaladas” do Robinho)
O pobre e ofegante zagueiro
tomou um drible desconcertante
que o deixou sem pai nem mãe.
Daí em diante, Édipo órfão,
errou às cegas pelo campo
até ser engolido pelo túnel sombrio
e se recolher desnudo e mudo
no ventre absconso do vestiário.