Minha filha Bell, quando consegue uma pequena folga dos compromissos profissionais, que são muitos, foge de São Paulo e regressa ao ninho, para matar a saudade, receber e nos dar carinho.
Neste fim de semana, chegou sexta-feira à noite com a sua alegria de sempre, para retornar no domingo depois do almoço, como costuma fazer.
Na própria sexta-feira, saiu com alguns amigos e foram a um barzinho, situado no nosso bairro mesmo, antes pacato e familiar.
Ao sair do barzinho para pegar o carro, acompanhada de um dos amigos, foram abordados e assaltados por dois energúmenos, que ameaçando e insultando, a princípio queriam tudo: levar o carro e eles, documentos, cartões, cheques e, sobretudo, dinheiro. Graças ao sangue-frio do rapaz (que por ser ator de teatro talvez tenha conseguido se controlar), acabaram se contentando em levar apenas o dinheiro, pouco mais de R$ 100,00 (o que é quase nada, e demonstra que provavelmente não passassem de drogados em desespero e por isso mesmo capazes de tudo).
O susto, a emoção, o medo e o sentimento de impotência deixaram Bell arrasada e lhe estragaram o brevíssimo descanso. Não foi diferente conosco, pais, irmãs e até mesmo com o velho poste amigo (que já postou suas impressões neste blog), que a tudo assistiu do seu posto na esquina, sem nada poder fazer.
Disse-me Bell que pretende escrever sobre a triste experiência no seu blog Projeto Grifos (e ela está escrevendo a cada dia melhor).
Não vou eu aqui lhe roubar também a crônica ou o desabafo. Apenas expresso a minha revolta e recomendo que a leiam.
Nesse fim de semana, aqui em SP, o tio da Tuka foi refém em um sequestro relâmpago. Deixamos a criminalidade crescer a um tal ponto que somos derrotados a partir do momento em que saímos dos nossos tetos.
Papilly, obrigada. É muito difícil falar desse assunto. Deixei a criatividade e a raiva saírem juntas e espero, no mínimo fazer uma lição bonita disso. Te amo muito. Obrigada por estar sempre ao meu lado. Beijo.
Lamento pela dor da Bell, pois sei bem como é ser assaltado (já fui com revólver nas costas e outra ocasião através do quebra-vento do carro). É algo que mistura raiva, impotência, arraso, revolta.
Mas estamos num mundo que até dentro de casa se vive assustado e temeroso. Nós, pais, ficamos sempre com o coração nas mãos com nossos filhos tendo de sair para suas atividades. Sempre achamos que sob nossas asas e olhos não lhes acontecerá nada. Mas a vida é assim. Eles têm que ir. E que Deus os proteja muito e sempre, é o que nos resta desejar.