O seu rosto de traços fortes e com um nariz extravagante era difícil de permanecer oculto, mas ele nunca era o protagonista.
O seu papel sempre foi de coadjuvante, e como tal ganhou o Oscar de melhor ator em 1952, por sua atuação como Mitch em Um Bonde Chamado Desejo, dirigido por Elia Kazan. Ainda sob a direção de Kazan, atuou em Sindicato de Ladrões (1955), e mais uma vez foi indicado para o Oscar na mesma categoria de ator coadjuvante.
Falo do ótimo Karl Malden, que morreu no dia 1º deste mês, em Los Angeles, aos 97 anos, e até mesmo ao sair de cena ficou em segundo plano, diante da comoção provocada pela morte de Michael Jackson.
Tanto em Um Bonde Chamado Desejo, quanto em Sindicato de Ladrões, o personagem principal foi interpretado por Marlon Brando, com quem Karl Malden contracenou diversas outras vezes, uma delas em A Face Oculta (1961), dirigido pelo próprio Brando.
A Face Oculta (One-Eyed Jacks), um dos últimos filmes produzido pela Paramount Pictures utilizando-se da tecnologia Vista Vision, é um western atípico e perturbador, considerado como obra-prima por uns e detestado por outros, que me impressionou e agradou muito quando assisti no cinema, em tela grande. Há muito tempo não o revejo e não sei como me parecerá agora. Existe cópia em DVD, mas talvez o filme perca muito na TV, apesar dos atuais aparelhos enormes, com extraordinária definição de imagem e de som (que ainda não tenho).
Inicialmente, A Face Oculta seria dirigido pelo grande Stanley Kubrick, que queria Spencer Tracy para interpretar o xerife Dad Longworth, que no passado havia sido assaltante de banco e traído o companheiro Kid Rio (Marlon Brando), deixando que fosse preso na cena do crime e fugindo sozinho com o ouro roubado. Ao que consta um dos motivos de Brando ter assumido a direção foi a insistência da empresa produtora em dar o papel de Dad a Malden, que o desempenhou de modo magnífico, como, aliás, era do seu feitio.
A inexperiência de Brando como diretor e o seu perfeccionismo o levaram a rodar seis vezes mais material de fotografia do que normalmente é usado em um filme do gênero, cuja primeira versão tinha nada menos do que cinco horas de duração! A Paramount decidiu então reeditar o filme por conta própria, fazendo com que ele tivesse sua duração final de 140 minutos.
Antes de se dedicar ao cinema, Karl Malden teve uma bem sucedida carreira na Broadway, participando de produções épicas como Todos os Meus Filhos (All My Sons), de Arthur Miller, e Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire), de Tennessee Williams, em cuja versão cinematográfica atuaria depois. Foi nessa época que conheceu e se tornou amigo de Marlon Brando e Elia Kazan.
Na década de 70, Malden participou de séries para a televisão, entre as quais a mais popular foi São Francisco Urgente (The Streets of San Francisco), que marcou a estreia do ator Michael Douglas, o qual afirma que Malden tornou-se seu mentor desde então. A presença do jovem e atraente Michael Douglas acabou mais uma vez por se sobrepor ao papel desempenhado por Karl Malden, que deveria ser o protagonista.
Malden participou ainda de diversos outros filmes famosos, como Patton (Frandklin J. Schaffner), Beijo da Morte (Henry Harthaway), O Homem de Alcatraz (John Frankenheimer), O Matador (Henry King), Passos na Noite (Otto Preminger), A Árvores dos Enforcados (Delmer Daves), A Tortura do Silêncio, (Alfred Hitchcock), Crepúsculo de uma Raça (John Ford), A Conquista do Oeste (John Ford, Henry Hathaway, George Marshall, Richard Thorpe).
Foi presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, de 1989 e 1992, e o principal defensor da entrega do Oscar honorário pelo conjunto da obra em 1999 ao diretor Elia Kazan, tido como delator de companheiros durante a chamada caça às bruxas dos anos 50.
― Sou viciado em trabalho, dizia Karl Malden, ― Amo cada filme que fiz, mesmo os ruins, mesmo as séries de TV, cada peça, porque eu amo trabalhar. É o que me faz seguir.
Talvez por isso, e como todo grande e verdadeiro ator, Karl Malden não se importasse em ser o astro principal nem ter sua face em primeiro plano.
Como “ainda não tem”??? O senhor não gosta de assistir tv, filmes, shows? Não sei a que tamanho de tv o senhor se refere, mas estou satisfeita com a minha, Sony, full HD, 42 polegadas, acho. Junto, “tive” que comprar o “home theater” também, porque adoro shows. Ontem, assisti Tina Turner, Michael Jackson e Elvis Presley! Também assisto muito Cidade Negra, Fagner e… não é show, é filme, mas tem verdadeiros shows durante a trama: O Fantasma da Ópera. Revejo sempre. Esses são os meus preferidos, embora goste de ver coisa nova também. E alguns filmes.
Se aceita minha sugestão, compre já!!! É muito bom! A alta definição faz toda a diferença… Estranho muito quando vou na casa da minha mãe e a tv é comum…
Voltando ao motivo do post, talvez o ator em questão não tivesse carisma verdadeiro, fosse “apenas” um profissional das artes. Digo isto porque (que vergonha admitir que assisto Caminho das Índias… rsrs) o galã escalado para ator principal na novela, lindo, maravilhoso, perdeu seu posto para outro não tão lindo mas tremendamente carismático (e excelente ator, além de tudo). Então, talvez não seja só uma questão de excelência na atuação, mas de brilho pessoal. Tem gente que simplesmente brilha e pronto! É algo que não se produz, não se forja nem com os mais extenuantes ensaios. E nem a “carinha linda” pode fazer alguém que não tem luz, brilhar.
Às vezes, Deus dá as duas coisas pra pessoa: brilho e talento; às vezes dá uma coisa ou outra. Mas nada supera o carisma, o brilho daqueles que são verdadeiros astros! Vide Michael Jackson… ele brilharia até no escuro, simplesmente porque era próprio dele! Pena que, mais um, não soube conviver com isto…
Lilian,
Belíssimo comentário, perfeito, engraçado e apaixonante mesmo!
Só me lembro de aldem em “patton”, que achei maravilhoso.
Parabéns a voce e ao “senhor ” do blog, que é impecável.
VIRGÍNIA
Oi, Virgínia! Obrigada pela atenção, pelo apreço!
Mas o que eu mais gostei mesmo foi sua alusão ao “Senhor do Blog”… rsrs
O termo é a “cara” dele (espero que ele não se irrite, não censure nossos comentários… Como Professor, a fama dele é/era de “bravo”… além de excelente Mestre, claro, que é o que mais ficou na minha memória)
Cara Lilian,
Penso que a lição que fica seja outra. Não se trata de falta de carisma ou talento, que o Karl Malden tinha, tanto que ganhou o Oscar, foi presidente da poderosíssima Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA, atuou em diversos filmes, séries de TV e peças da Broadway. A lição, portanto, é de que nem sempre ou em tudo devemos ser protagonista. No enredo da vida, a história se faz especialmente por meio dos coadjuvantes e figurantes,sem os quais o espetáculo da existência não existiria. As luzes da ribalta são para poucos, e não necessariamente para os melhores ou mais capazes. Nesta nossa época em que todos buscam a todo custo seus quinze minutos de fama (vide Big Brother, A Fazenda e congêneres), em que as pessoas são classificadas em vencedoras e perdedoras, em que vale tudo para alcançar o sucesso, o exemplo de Karl Malden merece esta reflexão. Por conhecê-la tão bem, sei que essas considerações não se aplicam a você, que é uma linda pessoa, mas sempre é bom reforçar os verdadeiros valores.
Um beijo.
PS Quando voltar da Europa, se sobrar algum, pretendo comprar logo um telão!
Gaste tudo o que puder na Europa! Aproveite bastante! O telão vem depois…
Nos “subterrâneos” da minha consciência, entendi a mensagem que o senhor quis transmitir com o texto, sobre os verdadeiros valores. É que eu “disfarço” bem… (e gosto de falar “abobrinha”… rsrs)
CARO POETA, E CARA LILIAN,
PRIMEIRAMENTE LILIAN AGRADEÇO COM SINCERIDADE A SUA RESPOSTA!
OBRIGADA.
AGORA POETA CATALÃO:
É UM COMENTÁRIO QUE HÁ TEMPO QUERIA FAZER.
AMEI SEU VÍDEO DO “REI” .
MAS ESQUECEU DE COMENTAR AS JÓIAS DA HEBE (RS)QUE DEVIAM PESAR QUILOS E SUAS GARGALHADAS!!!!!!
MAS SOU FÃZONA DO ROBERTO CARLOS, E OLHA QUE ELE NÃO É EXATAMENTE DE MINHA ÉPOCA!
AMADURECI E GOSTO DELE HOJE.
NA JUVENTUDE AMAVA E O SENHOR SABE CHICO, RITA LEE ,RICK WIKMAN(O QUE SERÁ QUE ACONTECEU COM ELE?) E O MEMORÁVEL GRUPO BLUE SUIT AND TEEARS.
abraços
virgínia
Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares…
Insólitos, singulares…
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares…
Perdão! digo quintanares.
PS:Poema feito porQUANDO QUINTANA COMPLETOU 60 ANOS . HOMENAGEN DE AUGUSTO MEYER E MANUEL BANDEIRA .
VIRGÍNIA