Calma, não me atirem pedras ainda.
O Louvre é magnifico, um acervo admiravel da cultura e da arte de todo o mundo, um monumento da humanidade!
Mas a opulencia é tamanha, a grandiosidade é tanta, que entorpece e arrefece o visitante (o D’Orsay, muitissimo menor, mas com o seu impressionante acervo de impressionistas, não nos esmaga tanto). Seria preciso visitar o Louvre trinta dias seguidos para ter uma pequena ideia do que abriga.
No periodo de férias então, como agora, torna-se impossivel e intoleravel. Centenas de asiaticos, alemães, norte-americanos e sul-americanos se amontoam diante da Mona Lisa ou da Venus de Milo e se põem fotografa-las todos ao mesmo tempo!
Alias, uma coisa que me irrita e foge à razão é essa mania de tirar fotos de obras e quadro famosos, em vez de simplesmente admira-los com atenção para rete-los na lembrança, ainda porque os postais e livros trazem reproduções de muito mais qualidade.
“Ah, mas quero mostrar que estive la!”
Para que e para quem?
Bem verdade que fiz algo parecido no Cabo da Roca, mas se tratava de um local aberto e me moviam razões de ordem sentimental, como ja disse.
A turma dos fotografos de museu não se classifica por sexo, raça ou credo, mas apenas pela idiotice comum.
Ocorre-me agora, a respeito do Louvre, uma historia do meu saudoso primo Sérgio (que a Sonia deve conhecer também). Convivi pouco com ele mas sua gorda e trovejante figura é inesquecivel para mim.
Contava ele que ao visitar o Louvre percorreu suas galerias e salas olhando à direita e à esquerda, como o expectador de uma partida de tenis ou de ping-pong. Feito isso, a fome lhe bateu (devia pesar uns 140 quilos na época) e tratou de sair do museu para fazer o que realmente gostava: comer e beber!
Eis, contudo, que na rua depara com uma passeata de trabalhadores e estudantes, que lhe impedia totalmente a passagem.
Sem hesitar, integrou-se ao protesto, e com o seu corpanzil logo se põe à frente da turba, empunhando uma faixa arrebatada de alguém. Como não entendia o que bradavam, por conta propria passa a berrar o bordão patrio:
“O povo, unido, jamais sera vencido!”
Imagino ele como a célebre figura da Liberdade conduzindo o povo, retratada magistralmente por Delacroix (um dos quadros que consegui rever, para reaviva-lo na memoria).
Mas seu ardor civico durou apenas até um local em que conseguiu se desvencilhar da massa e entrar num restaurante de outras massas, mais apetitosas, para saciar a fome e a sede, que àquela altura eram maiores e mais pungentes do que a vontade de derrubar governos ou presidentes.
PS – A quem interessar possa, ha uma pilula nova sobre o Presidente Sarcozy.
Não conhecia essa história do Sergio, mas bem própria dele!
Imagine aquele amado irmão-primo visitando o Louvre! Só rindo mesmo e constatando sua saída inglória ou gloriosa pra rua! Isto deveria ter sido filmado….rsrs
Imagino que uma visita ao Louvre deva ser algo atordoante pra quem gosta e conhece um pouco de artes. Desculpe a comparação, mas deve ser como visitar o Taj Mahal. Necessários muitos e muitos dias pra se ver tudo e admirar cada coisa.
Boa continuação de viagem pra vocês, queridos.
Conforme disse que faria, assisti novamente aO Código Da Vinci, procurando ver um pouco de Paris. Ocorreu-me que as descrições do livro são melhores do que tudo o que se pode realmente ver no filme. Impressionante como a descrição dos locais (quando o autor é bom) pode nos fazer “ver” melhor do que um filme… (ou se juntando os dois, livro e filme, pude “ver” tanto, vai saber…)
Logo no começo do filme, o simbologista, e astro principal, interpretado por Tom Hanks, Robert Langdon, pergunta ao Inspetor de Polícia, chefe da investigação, se os quadros expostos no Louvre são “verdadeiros”, ao que o Inspetor Fache responde prontamente que não… Isto quer dizer, na realidade, que tudo o que está exposto no Louvre são cópias???
PS: ADOREI a estória do seu primo! rsrs
PS.2: Eu também não suportaria “competir” por espaço com centenas de turistas para ver qualquer coisa, por mais especial que seja…
Voce tem razão.
O primo SÉRGIO era e ainda é na minha memória inequecível, bem como a tia ZILDA.
Lembra da expresão dela quando queria xingar???
” PUTA QUE OS BUNDAS!”
Doces tempos!!!
beijos
virgínia
Estou encantado com seu diário de Portugal e Paris, que acabo de ler, de cabo a rabo. Incrível, você consegue escrever no mesmo ritmo dos seus passos de viagem, escreve passeando, passeia escrevendo. O texto não aparece DEPOIS das caminhadas pelas ruas, o texto ACONTECE junto
com elas. Tudo muito criativo e original, como só você sabe fazer. É
uma alegria ler (passear) junto com você por estas duas cidades queridas. Quando você chegar conversaremos melhor. Por enquanto, PARABENS e aquele abraço!
Gilberto M. Kujawski
Mestre Gilberto,
Sua presença sempre amiga, agora também neste blog, me enternece e enche de alegria.
Foi um grande presente neste nosso dia derradeiro em Paris, além de aumentar a saudade do Brasil e, em especial, de voce e da Célia, que são tão especiais para nos.