A Bell me alertou, há cerca de um mês, que o blog estava prestes a completar um ano. Festeira como ela só, achava que devíamos pensar em alguma coisa para comemorar.
O dia é hoje.
Haverá o que celebrar?
Da minha parte, certamente. Não pela pouca valia do que escrevo, mas pelo lúdico deleite de fazê-lo e, sobretudo, pela convivência com aqueles que têm cometido a imprudência de ler os posts, e até mesmo enriquecê-los com seus comentários.
O blog tem sido para mim uma experiência transformadora. Um me abrir e me expor, que me abre e me revela a mim mesmo, por meio do que escrevo (que não raro me surpreende pelo rumo que tomou), e também daqueles que me leem.
Há quem verá nisso uma forma de terapia. E por que não?
O homem, perplexo diante do mundo e da vida, sempre buscou formas de compreendê-los, para assim se compreender. A mitologia, a filosofia, a ciência e a arte são apenas alguns dos meios ou das tentativas de que se valeu e vale nessa vã aventura.
De todos eles, foi na arte, especialmente na literatura, e também na música, no teatro e no cinema, que encontrei não necessariamente as respostas, mas as perguntas que me valeram e têm valido.
Sou antes de tudo leitor, ouvinte e assistente. É disso que mais gosto. Jamais imaginei que aquilo que bissextamente escrevia pudesse interessar alguém.
Mas a Bell insistiu comigo para criar o blog e, diante da minha relutância, o lançou por conta própria, escreveu o meu perfil, editou uma velha foto minha e postou alguns poemas que lhe havia mandado. Daí me escreveu dizendo: “O blog nasceu! Agora tá no ar com as suas novas poesias, com foto, sobre o autor, epígrafe e tudo mais”. Em seguida me passou as instruções de como fazer para continuar a postar.
Por isso o blog verdadeiramente é da Bell (aliás, até hoje está registrado em nome dela). Ela é a mãe, eu, a criatura, numa inversão fascinante das personas de filha e pai (para gáudio de freudianos, junguianos e lacanianos)
Talvez fosse melhor parar por aqui, e assim, como costumava dizer uma querida e saudosa amiga que já se foi, brindá-los com a minha ausência.
Mas bem lá no fundo, esta criatura titubeante e tartamuda quer seguir adiante.
Para onde, não sei.
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