Descobrindo Fernanda Young

                

       

                        Durante algum tempo Fernanda Young me irritava. Especialmente quando participava do Saia Justa, exibido pelo canal a cabo GNT, programa em que um grupo de mulheres — algumas inteligentes, outras, nem tanto — se reúnem e parece que combinam só dizer asneiras ou abobrinhas, a começar da apresentadora ou mediadora, Mônica Waldvogel.

                        Talvez por isso mesmo as mais inteligentes e interessantes aguentam pouco e logo caem fora, como aconteceu com a própria Fernanda Young e Ana Carolina.

                        De Fernanda Young tinha lido O Efeito Urano, que achei apenas razoável, e a sua figura pública ou televisa, as coisas que falava, me pareciam falsas, artificiais, preparadas para causar estranheza ou polemizar.

                        A partir do programa que ela passou a comandar no mesmo canal, Irritando Fernanda Young, a que assisto apenas uma vez ou outra, comecei a mudar de ideia. Ela realmente é diferente, tem luz própria e o que dizer, concorde-se ou não.

                        Como mulher, ela nunca fez o meu tipo. Tem um rosto bonito e expressivo, mas para o meu gosto é muito magra, além de me causar certa repulsa o excesso de tatuagens que ostenta. O que se há de fazer? Sou um amante à moda antiga, que aprecia as mulheres de formas generosas e de pele imaculada, conquanto reconheça que uma pequena tatuagem, em local estratégico, possa ser estimulante.

                        Quando soube que Fernanda Young ia pousar nua para a Playboy, não estranhei, mas não tinha a mínima intenção de comprar a revista.

                        Mas eis que ela, demonstrando a sua inteligência e sagacidade, desafia os homens a fazer com que a edição em que aparece nua venda mais do que as edições com as peladonas do Big Brother!

                        Adorei a sacada e a provocação, e no último domingo comprei a revista, o que não fazia há muito tempo.

                        Lá estava ela na capa, vestida de coelhinha da Playboy, o que já é uma clara gozação.

                        O ensaio fotográfico é de muito bom gosto, e ela está bonita e sensual, embora fisicamente continue a não ser o meu tipo.

                        Dois detalhes me chamaram a atenção. Ela conserva os pelos pubianos em quantidade razoável e no formato natural, sem apelar para aqueles ridículos cortes à bigodinho hitleriano ou chapliniano.

                        O outro é que em várias fotos ela está amarrada ou submissa (dentro de uma gaiola). É bem provável que não passe de mais uma ironia, mas também pode representar um desejo oculto da mulher inteligente, de personalidade forte, que pensa e fala o que pensa, coisas que costumam assustar a maioria dos homens.

                        Fiz minha parte. Se depender de mim, ela ganha longe das gostosonas burras do Big Brother e quejandas.

 

P.S.                 Podem me chamar de fingido, mas a revista traz ainda ótimas matérias com Alex Atala e Antonio Fagundes, além de um bom conto de Nelson Motta.

                        A propósito, ainda, comprei um livro escrito pelo atual editor da Playboy, Edson Aran, intitulado Delacroix escapa das chamas, que me atraiu pelo título e ao folheá-lo, do qual li apenas alguns trechos, mas me pareceu bem interessante. A confirmar.

 

 

 

 

7 comentários

  1. bellgama
    18/11/09 at 17:15

    Tenho certeza absoluta que esse post será o mais debatido aqui no blog. Isso porque o assunto já é o mais debatido na internet. A Fernanda tanto falou, tanto polemizou o seu ensaio que também vi. Achei bonito, bem feito. Mas com excesso de corpetes e poses repetidas da Madonna (de quem ela é fã incondicional mas não revelou o plágio). A minha estranheza é que é o vigésimo lugar que leio sobre os pelos pubianos (nome já ridículo para uma discussão ainda mais ridícula). Há tweets e mais tweets do assunto. Não sabia que cortes, tamanhos e cores de pelos pubianos geravam tanto interesse. Até maior do que o ensaio. Aqui no trabalho, a Playboy da Fernanda Young gerou polêmica. Há quem diga que quer o dinheiro de volta. A Playboy deve se desculpar com mais um antigo novo ensaio da Flávia Alessandra. Não sou conservadora, mas para acabar de uma vez com esse assunto que já deu ou não deu o que tinha que dar, aconselho uma leitura: Revista Serrote. Melhor coisa que comprei nos últimos tempos, disponível em livrarias e editada pelo Moreira Salles. Isso sim é uma delícia.

    • Antonio Carlos
      19/11/09 at 16:30

      Minha querida Bell,

      Os “pelos pubianos” são sim importantes para os homens, pelo menos para aqueles que, como eu, gostam de mulheres naturais. Veja que o nosso amigo Cadu concorda comigo. A propósito, lembro-me de uma velha edição da Playboy em que a Vera Fischer fez verdadeiro furor, com sua bastíssima pelagem. E me ocorre ainda o que dizia o caipira para o seu compadre idem: “Cumpadre, tirante capivara, paca e cutia, bicho de pelo bom mesmo é muié!”.
      Quanto à revista Serrote, como encontrá-la nessas livrarias meia boca de Ribeirão Preto? Talvez encontre agora na Fnac que abriu no shopping.

      Ti doro, sempre.

  2. Cadu Ramos
    18/11/09 at 17:40

    Prezado Antônio Carlos,

    pai da minha queridíssima amiga e chefe Bell, concordo com as suas palavras e preferências. A Fernanda Young também não me atrai. Não sei se pelo corpo ou somente pelo jeito. Inclusive esbravejei aqui na redação quando soube que seria ela a estrela da última edição. Acho que por medo de que a próxima convidada fosse a outra “Normal” Fernanda Torres e a minha assinatura fosse comprometida com uma sequência de moças “estranhas” na capa. Ok, também gosto das entrevistas, das matérias, mas uma Luciana Vendramini me ajuda a gostar mais ainda.

    Dito isto, preciso concordar com a sua explanação. A moça fez sim um bom marketing e, melhor, reviveu as estrelas do passado, com aquele “gramado” mais pesado, mas ainda assim possível de se bater uma bola. Só espero que se a editora decidir manter o ar retrô, da próxima vez convide a Claudia Raia.

  3. Lilian
    19/11/09 at 0:10

    E não é que ela está bonitinha mesmo? Pelo menos na capa, só que mais lembrando (até porque o senhor mencionou) um passarinho do que uma coelhinha… rsrs Só falta o Frajola na parada (“acho que vi um gatinho…”) E… como não poderia deixar de ser (todos os homens inteligentes fazem isto ao mencionar a Playboy) veio no texto o famoso e indefectível elogio às demais matérias da revista… rsrs
    Creiam, senhores: não precisam se “justificar” elogiando as demais matérias da revista; a gente entende (sim???) perfeitamente o “problema” de vocês, essa curiosidade que os leva a comprarem a revista (afinal, entendemos tanta coisa, né? Um pequeno “deslize” a mais não deve fazer tanta diferença… rsrs)

  4. sonia kahawach
    19/11/09 at 8:34

    Tenho de contar que dei uma assinatura da Playboy de presente de aniversário para meu neto de 19 anos e então ela nos chega mensalmente. Veja as diferenças… Ele achou a Fernanda o máximo, até porque sempre achou, principalmente pelas tatuagens que ela ostenta.
    E eu sempre acabo por ler as matérias que geralmente são interessantes. E, cá entre nós, existem mulheres lindíssimas mesmo e não vejo nada demais que se mostrem em ensaios muito bem feitos.
    Algumas fotos acho desnecessárias, mas tem quem goste….
    Quanto aos pelos pubianos é outro assunto. Tenho um texto a respeito que vou localizar e lhe envio, pois é de morrer de rir.
    A Playboy pode não ser aquela maravilha, mas é muito boa para o que se propõe. Melhor do que bom número de revistas atuais que tem algumas pequenas e fracas matérias e um moooonte de publicidade.
    Na minha casa, por iniciação de minha mãe, todos adoram revistas. Desde os gibis antigos (Edições Maravilhosas, Tom Mix, Capitão Marvel e longa lista que ela comprava todas), as revistinhas de Disney e do Maurício (que adoro!), tudo que cai por aqui é peixe dos grandes.
    Arrisque-se mais vezes e adquira Playboy que vai ver sempre lhe trará boas informações gerais, além das fotos geralmente boas. Beijos

  5. 19/11/09 at 9:56

    Sou da geração do filme nacional baseado na obra do Nelson Rodrigues, do Documento Especial da TV Manchete e da época em que toda a edição da Playboy, além de mulher pelada de verdade (sem silicone e sem depilação de atriz de foda), oferecia entrevistas e matérias bombásticas, como o início do Plano Cruzado ou a morte de PC Farias. Hoje as matérias são esporádicas, a revista perdeu talento, as mulheres são bombadas, na edição seguinte se esquece quem foi a da anterior e filme, que antes passava depois da meia noite, passa agora às quatro da tarde. Em algum ponto, nos perdemos.

  6. sonia kahawach
    24/11/09 at 10:47

    Acho que não nos perdemos. Perdidas estão as novas gerações que estão chegando cheias de artificalismo. Não têm mais nem o gosto e o prazer do escondidinho. É tudo tão as claras e sem motivação real que fica até entediante. Acho que se me fosse permitido reviver minha adolescência e juventude, dentro do plano atual,ia morrer de tédio.
    Que, aliás, deve ser o sentimento que se transforma em uma ansiedade permanente na maioria dos jovens, tornando-os muito novos ainda em depressivos, maníacos, portadores de TOC e síndrome do pânico. Uma pena.

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