Todo dia é dia de livro

 

 

 

                        Cheguei em São Paulo nessa sexta-feira e li no jornal que se comemorava o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor.

                        A Diretora Geral da Unesco, Irina Bokova, alertou em nota oficial sobre os perigos que livros e autores enfrentam atualmente, diante das novas formas de reprodução dos textos e de acesso a seus conteúdos, razão pela o órgão criou em janeiro deste ano o Observatório Mundial de Luta contra a Pirataria.

                        Também ontem, 23 de abril, se iniciaram as celebrações organizadas por Liubliana, Eslovênia, como Capital Mundial do Livro 2010, honraria que caberá no ano que vem a Buenos Aires.

                        Há muito se anuncia a morte do livro, ou pelo menos do livro físico, como o conhecemos. Tudo será digitalizado, para que os leitores baixem e leiam o que lhes interesse nas novas engenhocas que já pululam por aí e vão sendo aperfeiçoadas a cada dia.

                        Já não será possível então sentir os cheiros dos livros, acariciar suas capas e lombadas, passar os dedos lascivos por suas folhas, niná-los no colo como crianças, adormecer com eles abertos sobre o peito, como o corpo esparramado da mulher amada.

                        Nem se terá a doce surpresa de encontrar uma pétala seca ou um bilhete amarelecido entre as páginas, deparar com anotações desconhecidas, dedicatórias olvidadas.

                        As bibliotecas de agora serão transformadas em museus (de certa forma já o são), as livrarias de hoje se tornarão um tipo de cyber café (de certa maneira já o são).

                        As bibliotecas e livrarias sempre foram para mim como bosques com seus múltiplos espécimens de árvores,  arreadas de dourados pomos. Alguns nos fazem muito bem, outros causam alucinação, muitos são amargos ou venenosos.

                        Escondidos atrás da vegetação espessa, lobos em pele de cordeiro aguardam os incautos pensando em devorá-los, mas não raro eles é que acabam devorados.

                        Enquanto seu lobo não vem, aproveito a breve estadia em São Paulo para passear pelos bosques de livros que ainda nos restam.

 

 

 

2 comentários

  1. Lilian
    24/04/10 at 8:32

    Comprar livros é o meu “esporte” preferido. Agrada-me bastante saber que tenho um monte de livros a serem lidos (se houvesse um “kit de sobrevivência” na terra, o meu seria composto por livros) e nada me dá mais prazer do que “descobrir” livros bons (para o meu gosto).
    Os livros nunca me deixam só e com eles posso “viajar” para os mais diversos lugares do mundo, muitos dos quais nem havia pensado. Conviver alguns dias com pessoas até então desconhecidas e com elas “viver” um pouco das suas estórias tão diferentes da minha…
    Ontem, acabei de ler “O último jurado”, de John Grisham, e foi bom pra caramba. Não vejo a hora de começar a minha próxima “descoberta”…

  2. sonia k.
    25/04/10 at 18:35

    Ainda em SP eu passava horas muito agradáveis na La Selva do aeroporto, saia com minhas sacolinhas cheias de novos livros, tomava um café (famoso!) e voltava pra casa como se tivesse feito (e tinha sido) o melhor programa do mundo. Depois abriu aquela enorme livraria em Pinheiros que não consigo me recordar o nome (oh Alzheimer). Lá quase passava o dia pois levava meu neto ainda pequeno, ele jogava video game e ouvia histórias na seção infantil, depois tomávamos lanche por lá mesmo. Aqui tenho por ritual mensal uma visita à Nobel, onde seleciono diversos livros que me parecem interessantes, sento-me naquele sofazão gostoso e passo horas no aconchego, me deleitando com as novidades. Minha vida ficará muito vazia sem poder desfrutar de tudo isso e se não puder mais ter meus livros que amo, acarinho e converso como já comentei aqui em vezes anteriores. Mas creio que a tecnologia não conseguirá acabar com isto tão cedo. E Deus me permita poder continuar com meus fiéis companheiros por muuuuito tempo ainda, apesar dos 4,5 graus em cada lente.

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