Para a Manuela, nos seus dois primeiros meses.
Dizem-me que dois meses atrás tudo já existia,
o firmamento, as estrelas da Láctea Via,
nosso pequeno planeta azul a girar bêbedo
em torno de si mesmo e do irradiante Sol.
A primavera que desarrolha o verão,
entardece no outono e se estiola no inverno.
Rios, mares e oceanos, ventos e marés,
planuras e montanhas, chuvas e securas.
As luas nova, crescente, cheia e minguante,
gentes e bichos, plantas e pedras.
O deserto e a solidão, a doutrina e a cidadela.
Não sou incréu, olho o céu, piso o chão
e lhes dou razão. Já tudo havia, mas faltava ela,
Manuela, que a tudo isso veio dar razão.