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Literalmente cheio da “Biscoito Fino” e da tal nova música de Chico Buarque, mas sem a mínima pretensão de me comparar a ele, publico aqui alguns versos que escrevinhei há algum tempo, com mote semelhante.
Na ocasião, pensei numa letra de música, mas como estava sem contato com Brenno, meu dileto parceiro, ficaram apenas os versos.
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Meu Diário
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Toda manhã,
a campainha do relógio
me acorda de supetão,
tomo o café
sem sentir o gosto
mastigo um pedaço de pão
e saio para a rua
andando na contramão.
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Todo dia,
na esquina ou no botequim
acenam para mim
o bilhete premiado
do macaco ou da avestruz,
mas eu digo que não
e ao mendigo esfaimado
que me estende a mão
alivio da sua cruz
com generoso tostão.
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Toda tarde,
depois de aturar o patrão
assisto bovino
a crimes e mortes
ao vivo na televisão,
ao grave pronunciamento
do chefe da nação,
ao bispo trovejante
que ameaça com o tormento
e promete a salvação.
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Toda noite,
insone e insolvente
no seu corpo desnudo
se acoita este coitado
e então num só segundo
a vida me é um presente
que recompensa por tudo.
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