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Remexendo gavetas e pastas que acumulo, encontro uma folha amarelecida de revista com uma matéria intitulada “Dez coisas que fazem a vida valer a pena”. . . .
Quem responde é Rubem Braga (eis porque guardei):
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■ Esbarrar às vezes com certas comidas da infância, por exemplo: aipim cozido, ainda quente, com melado de cana que vem numa garrafa cuja rolha é um sabugo de milho. O sabugo dará um certo gosto ao melado? Dá: gosto de infância, de tarde na fazenda.
■ Tomar um banho excelente num bom hotel, vestir uma roupa confortável e sair pela primeira vez pelas ruas de uma cidade estranha, achando que ali vão acontecer coisas surpreendentes e lindas. E acontecerem.
■ Quando você vai andando por um lugar e há um bate-bola, sentir que a bola vem para o seu lado, e de repente dar um chute perfeito — e ser aplaudido pelos serventes de pedreiro.
■ Ler pela primeira vez um poema realmente bom.
■ Ou um pedaço de prosa daqueles que dão inveja na gente, e vontade de reler.
■ Aquele momento em que você sente que de um velho amor ficou uma grande amizade — ou que uma grande amizade está virando, de repente, amor.
■ Sentir que você deixou de gostar de uma mulher que afinal, para você, era apenas aflição de espírito e frustração da carne — a mulher que não te deu e não te dá, essa amaldiçoada.
■ Viajar — Partir…
■ Voltar.
■ Quando se vive na Europa, voltar para Paris; quando se vive no Brasil, voltar para o Rio.
■ Pensar que, por pior que estejam as coisas, há sempre uma solução, a morte — o assim chamado descanso eterno.
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Subscrevo todas as dez, mas acrescento a décima primeira: reencontrar um texto de Rubem Braga, qualquer texto. Não tem preço.
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[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Lc_dw20YBJk&feature=related].
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