(Publicado no Blog da Selma Barcellos)
Caminhava pela praia quando tropeçou nos olhos dela.
Aqueles olhos eram inconfundíveis.
Quase da cor do mar (quase, porque nenhum mar transborda tantos verdes e azuis).
O olhar, que era quase um sol (quase, porque sol algum tem aquele fervor), estava agora mais sereno, quase um luar (quase, porque lua nenhuma reluz assim).
Era ela!
Era ela?
Os cabelos louros estavam mais curtos, os seios, mais fartos, o mesmo nariz e a mesma boca incomuns em surpreendente harmonia.
Era ela!
O corpo ainda esguio na sua insinuante madureza.
Os olhos pousaram nele brevemente, mas o olhar se desviou pouco depois, como o luar que uma nuvem encobre.
Era ela?
Era ele?
A cidade e a praia já não eram as mesmas.
Aquele janeiro não era o mesmo janeiro.
Eles mesmos não eram os mesmos.
Mesmo?
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