Posts from setembro, 2012

Oh my God!

 

 

 

 

 

 

“— Vamos por partes — disse ela [Emília].

— Antes de mais nada, quero que o senhor doutor me prove que ali o Senhor Müller é mesmo o dono deste rinoceronte. Exijo provas, sabe? Eu não uso anel de advogado no dedo, mas acho que em direito o que vale são as provas.

Foi a vez de o advogado abrir a boca, de espanto.

A tal bonequinha sabia discutir como um perfeito rábula.”

(Monteiro Lobato, Caçadas de Pedrinho, livro sub judice no STF)

 

 

“Estudei a legislação do país e arranjei clientela neste bairro, onde não se exigem diplomas. Não foi fácil, mas eu inspiro confiança, não acha? Tenho um riso agradável e franco, o meu aperto de mão é enérgico: são os meus trunfos. E, além disso, resolvi alguns casos difíceis: a princípio, por interesse e, depois, por convicção. Se os proxenetas e os ladrões fossem sempre condenados em toda a parte, as pessoas de bem, meu caro senhor, julgar-se-iam todas e incessantemente inocentes. E, no meu entender, e pronto, pronto, já chego lá — é sobretudo isso que é preciso evitar. De outra forma, haveria muita razão para rir.” 

(Albert Camus, A Queda)

 

 

        

          Consta que os colegas mensaleiros de Márcio Thomaz Bastos a ele se referem como “God”.

          Haja subserviência!

         Os ingleses, ao contrário dos norte-americanos, referem-se a Deus como “Lord” e não como “God”, que lido ao contrário é “Dog”, um dos designativos do demônio.

          Talvez, então, o lema dos colegas mensaleiros de Thomaz Bastos seja o mesmo que engalana as cédulas e moedas do dólar americano: “In God We Trust”

          Ao ver seu anjo decadente e cliente condenado por gestão fraudulenta do Banco Rural, “God” clamou contra um “retrocesso na área penal”, pelo fato de o STF estar “flexibilizando perigosamente certas garantias”, e chegou até mesmo a invocar o AI-5 e o comentário do então vice-presidente, Pedro Aleixo, contrário à edição do ato, de que não se preocupava com a concentração de poderes nas mãos do ditador Costa e Silva, mas com o que faria o “guarda de esquina” depois da supressão dos direitos individuais. 

          Oh my God!

          O “Senhor” não devia ser advogado numa causa que trata de fatos ocorridos nos tempos em que o “Senhor” tinha descido à Terra na condição de simples mortal e Ministro da Justiça. A propósito, onde estava o “Senhor” nos tempos da ditadura?

          Diante de um deus assim, graças a Deus sou ateu.

 

 

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