A arte do encontro VI

 

 

 

 

Rubem Braga e Vinícius de Moraes sentados;

José Carlos de Oliveira entre os dois;

atrás, Paulo Mendes Campos e Sérgio Porto;

ao lado, com a mão no ombro de Vinicius, Fernando Sabino.

Que encontro, Deus meu!

(Creio que no jardim cultivado por Rubem Braga na cobertura em que morava)
 

 

 

“Meu caro Vinicius de Moraes

 

Escrevo-lhe aqui de Ipanema para lhe dar uma notícia grave: a primavera chegou.

Você partiu antes. É a primeira primavera, de 1913 para cá, sem a sua participação.

Seu nome virou placa de rua e nessa rua que tem seu nome na placa vi ontem 3 garotas de Ipanema que usavam mini-saias. Parece que a moda voltou nessa primavera. Acho que você aprovaria.

O mar anda virado. Houve uma lestada muito forte, depois veio um sudoeste com chuva e frio. E daqui de minha casa vejo uma vaga de espuma galgar o costão sul da Ilha das Palmas. São violências primaveris.

O tempo vai passando poeta, chega a primavera nesta Ipanema, toda cheia de sua música e de seus versos. Eu ainda vou ficando um pouco por aqui — a vigiar, em seu nome, as ondas, os tico-ticos e as moças em flor.”

 

Rubem Braga

 

  

 

4 comentários

  1. Vera Maria Lisboa Triches
    23/09/12 at 14:15

    Oi! Adoro esta foto e esta gente maravilhosa ! Tenho ela no livro “A Arte do Encontro”de Paulo Garcez. Comprei 2 albuns iguais para enquadrar algumas fotos e pendurá-las numa salinha em minha casa.

  2. André
    23/09/12 at 19:13

    Gama, essa música na minha opinião é das mais belas da MPB, ainda mais interpretada pela Paula Morelembau, esposa do mestre do violoncelo Jaques Morelembau (Jaquinho).
    A primavera é estação das flores, das rosas que perfumam o aroma de nossa alma, penetrando nela…
    E a dupla Carlos Lira e Vinícius já produziu ótimos frutos como Você e Eu, Marcha da Quarta-Feira de Cinzas e Minha Namorada.
    Abraços,
    André

  3. 23/09/12 at 20:23

    Antonio, acredita que a música da ‘Rádio Todo Sentimento’, para amanhã, é exatamente “Primavera”? Tudo bem, a estação acabou de entrar. Mas… igualmente com a Paula? Tantas intérpretes a gravaram! Incrível.
    Estou aqui com a crônica (em papel) de Joaquim Ferreira dos Santos a que me referi outro dia: “Missão de Primavera”. Como não sei se a encontrou em arquivo, un amuse-bouche:
    “Meu caro Rubem, são as questões da Primavera e é uma pena que você não esteja aqui para a gente esticar a conversa, colar uma palavra na outra, essas coisas que você fazia como ninguém. Iríamos dar uma geral na Humanidade num bar de cerveja importada com um nome genial, Delirium Tremens, que abriram na sua rua. Ipanema anda mais bonita. Colocaram uma vegetação rasteira, de dunas, no final da areia, junto da calçada. A coisa ficou, como você diria, bárbara. […] 
    Enfim, eu vou ficando por aqui, pelo menos mais um pouco, consciente de que sou responsável pela missão de que você me encarregou. Vigio em seu nome o voo do bem-te-vi, a espuma das ondas e o caminhar das moças por entre as moitas de azaleias e de manacás em flor. […]
    D

    Beijocas!
     

  4. 23/09/12 at 20:39

    O “D” acima abandonado pela contagem era do (meu) fecho: De gemer, não?
    É o que faço, Antonio, ao observar a beleza do Rio, o morro Dois Irmãos, ao ouvir Vinicius, ver meus queridos historicamente reunidos no jardim do Braga, aquele ranzinza adorável…

    Beijocas! 

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