Posts from abril, 2013

Porquinho-da-índia

 

 

“Porquinho-da-Índia” (Manuel Bandeira), declamado por José Maria Alves

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                                               PORQUINHO-DA-ÍNDIA

 

                                                                                                              MANUEL BANDEIRA

 

                        Quando eu tinha seis anos

                        Ganhei um porquinho-da-índia.

                        Que dor de coração me dava

                        Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

                        Levava ele pra sala

                        Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,

                        Ele não gostava:

                        Queria era estar debaixo do fogão.

                        Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…

                        — O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.

 

O rato que urge

 

 

 porquinhodaindia

 

 

Kim-Jong 2

 

O menino Manuel Bandeira sofreu a sua primeira desilusão amorosa com um porquinho-da-índia que só queria estar debaixo do fogão e não fazia nenhum caso das suas ternurinhas.

O menino ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, parece um porquinho-da-índia, mas se comporta ao contrário daquele do menino Manuel. Em vez de só querer estar debaixo do seu fogão, põe-se a esbravejar, ameaçando tocar fogo no mundo, louco para receber uma ternurinha. 

O teatro de guerra de Kim Jong-un me fez lembrar de um grande filme, verdadeiro clássico, “O Rato que Ruge” (“The Mouse that Roared”), em que o magnífico Peter Sellers, como costumava fazer, protagoniza diversas personagens.

O minúsculo ducado de Grand Fenwick, que ainda vive na era da espada e do arco e flecha, atravessa uma grave crise financeira porque seu único produto de exportação, um vinho fino, é vendido mais barato por uma companhia norte-americana. Seus governantes, a Duquesa e o Primeiro Ministro (ambos interpretados por Peter Sellers) têm então a brilhante ideia de declarar guerra aos Estados Unidos, na certeza de que, depois vencidos, passarão a receber ajuda para se recuperar.

Acontece, porém, que ao invadirem Nova Iorque vestidos e apetrechados como cavaleiros medievais, os bravos soldados do ducado, sob o comando de outro personagem vivido por Peter Sellers, encontram as ruas vazias por causa de uma simulação de ataque aéreo, capturam por acaso um cientista com a nova e poderosíssima arma por ele desenvolvida (uma bomba com o formato da bola oval de futebol americano, que de vez em quando estridula ameaçadoramente) e assim acabam por ganhar a guerra, com a capitulação incondicional dos Estados Unidos!

O filme tem um final feliz, mas resta saber se Kim Jong-un é apenas um rato gordo que ruge ou um rato louco que urge.

 

o rato que ruge 2