Se 1968 é um ano que não terminou, como nos revela o delicioso livro de Zuenir Ventura, 2014 será a crônica do ano que não começou.
Os otimistas de plantão — ou pessimistas, dependendo do ponto de vista — dizem que hoje é o primeiro dia útil do novel ano.
Como assim? Todo mundo está careca de saber que o ano só começa de fato no Brasil depois do Carnaval, que este ano será em março.
Mas quando o Carnaval acabar, já em meados de março, estaremos muito próximos do grande acontecimento do ano, a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho no Itaquerão (se estiver pronto) e termina só em 13 de julho, no Maracanã. Quem aguenta fazer alguma coisa nessa expectativa da convocação dos jogadores e dos preparativos do escrete nacional, nossa Pátria de Chuteiras? Se o Brasil for campeão, pelo menos dois meses de comemoração. Se perder, dois meses ou mais de profunda depressão.
Bem, mas depois disso o ano finalmente começa. Começa nada! E as eleições, a longa campanha que paralisa o país até o primeiro turno em outubro? E se houver segundo turno, até novembro.
Encerradas as eleições, já estamos pertinho do Natal e do Ano Novo de novo, fazer mais o quê?
A todos, feliz 2015.
“Quando o Carnaval chegar” (Chico Buarque), com Nara Leão
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