Annibal Augusto Gama
Não sei se os leitores já viram o filme “O homem do terno branco”, com Alec Guiness. É a estória de um cientista maluco que trabalha anônimo no canto de um grande laboratório, sem que ninguém saiba. E descobre e fabrica um tecido que não suja. Jogue-se nele uma lata de piche ou de graxa, e o piche e a graxa escorrem, permanecendo imaculado o tecido. Com tal tecido, o cientista manda fazer um terno branco, impecável, que nunca amassa nem suja. A princípio, os donos das indústrias de tecidos ficam entusiasmados. Até que são alertados pelo mais velho deles: aquela descoberta será a falência de todos. Daí, o inventor passa a ser perseguido dia e noite, para lhe destruírem o terno branco e a sua fórmula de fabricar o tecido com que foi feito.
Pois li dia desses sobre a invenção, nos EUA, de um tecido, ou “superfície omnifóbica”, feito de material que resiste não apenas à água, e não é manchado por óleo ou gasolina. Tudo escorre sobre tal tecido ou superfície, sem deixar mancha ou sujeira nenhuma.
É a ciência imitando a arte. Acho que se pode inventar tudo, até as coisas mais mirabolantes. Talvez já se tenha inventado demais, nossa existência está cheia de bugigangas espantosas. Olhem ao redor e verão. Um novo produto destrói o outro que o antecedeu. É a riqueza de uns e a desgraça de outros. Nem por isso a vida e o mundo melhoraram.
O que não se inventa, e andam cada vez mais escassos, é a bondade, o amor, o desprendimento e a paz.
Seu Amadeu diz a Dinorá:
─ Estou cogitando em inventar uma nova forma de fazer amor.
E ela lhe responde:
─ Não, bem, não invente não. A que temos é ainda a melhor. E sempre será.
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“É, meu amigo, só resta uma certeza,
é preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o amor”