Na farmácia, compro leite em pó, fraldas, mamadeira, chupeta, creme para proteger de assaduras, xampu e sabão que não ardem nos olhos, lavanda baby (que uso escondido depois de fazer a barba), para reabastecer o arsenal da Manuela quando fica em casa.
Compro também colírio umidificador, um antialérgico e soro fisiológico para o nariz, na tentativa de diminuir os desconfortos da minha rinite sazonal, que me azucrina todos os anos nesta época de secura.
Nada comprometedor. Nada que um zeloso e respeitável pai de família não compraria.
Ao pagar a conta, a moça do caixa me atende com simpatia e, ao pôr os produtos numa sacola, oferece e coloca junto um jornalzinho, que aceito para retribuir a delicadeza, sem prestar maior atenção.
Ao chegar em casa e desfazer a sacola é que vejo do que se trata o folheto: “Jornal da Terceira Idade”, com conselhos e informações para uma velhice saudável, prazerosa e feliz.
Mas existe isso?
E como a mocinha da farmácia adivinhou?
Gostei do “zeloso e respeitável pai de família”.
V. se cuida bem e da lindinha da Manuela também.
Bonito de ver e saber.
E jornalzinho da Terceira Idade sempre tem umas dicas interessantes.
Olhando você, não acho que já deveria receber publicações dirigidas assim.
E velhice saudável existe sim. Agora, prazerosa é mais difícil hahaha
E feliz, por que não? Afinal a vida é cíclica assim como a felicidade, não acha?
Velhice saudável, prazerosa e feliz? – Difícil imaginar. A conferir.
Uma balconista que oferecesse um jornalzinho sobre a “velhice” ao senhor mereceria uma bela reprimenda. Porque o senhor pode aparentar muita coisa (boas, obviamente), menos velho.
E com essa simpatia toda, a cortesia, o jeito sempre apressado (rsrs), a última coisa a qual se poderia associá-lo seria velhice.
Se quiser, diga-me aonde, em qual farmácia, está essa megera ignorante que eu vou ter uma conversinha com ela, que tem muito a aprender sobre delicadeza e, principalmente, como identificar, perceber melhor as características humanas.
Gama, não é à toa que o Brasil está se tornando um país de velho: os pais, mesmos os novos, estão enterrando os filhos que estão partindo muito cedo por conta de tanta tragédia, notadamente, drogas, acidentes no trânsito, neura… E nós, pais na meia idade, somos considerados matuzaléns nesta guerra urbana sem fim!!!
Sou João de Deus Netto – designer gráfico, caricaturista e blogueiro do PICINEZ e CINEMASCOPE, ambos também no Portal do Nassif.
Abraço!