Aparentemente tão díspares, Tarantino e Almodóvar, que para mim são dois craques, têm muito em comum.
Enquanto Tarantino é mestre da aventura, da ação e até mesmo da violência, Almodóvar é mestre da condição humana, das relações familiares e pessoais, das paixões.
Mas ambos “brincam” com o cinema, nos transportam para o seu universo particular, são excepcionais nos diálogos, na escolha do casting, em descobrir ou redescobrir atores e atrizes, e deles tirar o melhor. Tarantino reinventou John Travolta em Pulp Fiction, como Almodóvar o fez com Penélope Cruz, sua nova musa, que sempre me pareceu apenas razoável como atriz e mulher, mas nas mãos de Almodóvar desabrochou um extraordinário talento e também uma beleza madura e insuspeitada, despertando o interesse até de Woody Allen (o que lhe valeu um merecido Oscar pela atuação em Vicky Cristina Barcelona).
Tarantino e Almodóvar têm uma marca inconfundível. Impossível não reconhecer que o filme é de um deles após assistir por poucos minutos, seja no começo, no meio ou no final. A esse respeito, em recente entrevista sobre o seu mais recente filme, Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos), que se trata de um filme dentro de outro filme, por ele mesmo definido como sua declaração de amor ao cinema (todos os seus filmes em verdade o são, como os de Tarantino), Almodóvar conta ter ficado farto de si mesmo e da fama:
— Meu nome na Espanha virou um adjetivo. As pessoas dizem: “Isso é muito almodovariano”. Para alguns, pode parecer glorioso, mas eu me sentia estranho. Era como se não falassem de mim. Comecei a ter nostalgia do anonimato.
O protagonista de Abraços Partidos, um diretor de cinema que se acha em crise e se apaixona pela estrela do filme (Penélope Cruz, é claro) que está rodando, tem o nome de Harry Caine, que Almodóvar havia cogitado de adotar para recomeçar do zero, mas concluiu que isso seria impossível porque “ninguém escapa de si mesmo”.
No seu caso, ainda bem!
Já assisti alguns filmes de Almodovar (Fale com Ela, A Flor do meu Segredo, De Salto Alto, Tudo sobre minha Mãe) e achei simplesmente chocantes, do tipo que não dá pra assistir “impunemente”; alguma coisa muda em você. Almodovar sempre tem algo a acrescentar, o que pode ser bom, ou ruim, dependendo do ponto de vista. O que sei é que ele é o “queridinho” de muita gente boa, especificamente no quesito cultura.
Como ando num período de “diversão” (deixando inúmeros filmes interessantes se acumularem na estante e o meu seriado preferido na tv é Law & Order – SVU), não curto muito nem Almodovar (e sua maravilhosa Penélope) e muito menos Tarantino…
Mas sempre dá pra assistir seus (dele, Almodovar) filmes.
Querido, perdoe a total ignorância.
Realmente filmes pra mim são: sinto ou não sinto.
E ainda depende muito do momento. Do meu momento, claro!
Se é Tarantino ou Almodóvar,se é outro qualquer…. realmente não me empolgam os nomes. Todos podem fazer como quiserem. Acho brilhante, mas somente se me tocarem de pronto. Se assim não for…. lamento.
Já disse alguém por aí que a arte é arte se tocar alguns ou ao menos um. Se assim não for é só algo feito. Cinema é algo que não me prende. Embora seja uma arte incontestável. Eu é que sou muito livre pra tentar ou ficar tentando entender, dissecar ou analisar. Gosto ou não gosto. Simples demais.
Sonia, esse é o “problema” com os tais “filmes de Diretor” (em que a personalidade do Diretor “influencia” diretamente no resultado da obra – parece estranho falado assim… rsrs)
Isto acontece, entre outros, especialmente com os três Diretores citados pelo Dr.Gama: Tarantino, Almodovar e Woody Allen. Nada contra, mas que os tais são meio “cult”, são (cult no sentido de serem cultuados nos meios intelectuais e artísticos).
Nunca assisti Tarantino; ví vários do Almodovar, conforme citei; e “até gosto” de W.Allen, embora ainda não tenha tido coragem para assistir Vicky e Cristina em Barcelona (parece que a estória é meio “pesada”… sou meio covarde, quando conheço o enredo de antemão… rsrs)
Mas, acho que você gostaria de algum(ns) do Almodovar… o cara é realmente fera e vale a pena conhecer, nem que seja apenas por curiosidade.