Primeiro foi Perón e Evita (que não chegou a sucedê-lo), com o remake mais grotesco ainda de Perón e Isabelita.
Hoje, o casal Kirchner é o casal Garotinho da Argentina. Com um pouco mais de finesse, é bem verdade, que disso os hermanos não abrem mão: décadence avec élégance.
Se pudesse, Lula adotaria a mesma estratégia com Dona Marisa. Na impossibilidade, formou um concubinato político (consentido por Dona Marisa) com a sem gracíssima da Dilma, na certeza ou esperança de que esta não lhe ponha um par de chifres no futuro.
Lá como cá.
Confessadamente, cultura não é o forte de Lula, cuja mãe nasceu analfabeta e desdentada. Ele vive a repetir que ler lhe dá sono e não perde chance de exaltar a sabedoria popular, para a qual contribui assiduamente com suas metáforas futebolísticas. Nem me venham com a desgastada acusação de elitismo ou preconceito contra o operário pobre que não teve condições de estudar (Caetano Veloso que o diga). Do que se trata é fazer apologia da falta de estudo ou da falta de vontade de estudar num país tão carente de educação e cultura. De burro Lula não tem nada, muito pelo contrário. Todavia, não se deve confundir inteligência com esperteza, que muitas vezes não passa de defeito de caráter.
Mas o Brasil vai muito bem, obrigado. Afinal foi o último a entrar na crise mundial, que aqui seria só marolinha, e o primeiro a sair dela. Aliás, no último domingo a prova de comunicação do Enade abordou em uma das questões o acerto da previsão presidencial. Por essas e por outras, dispondo-se a fazer acordo até com Judas, o prestígio de Lula está nas alturas e é bem provável que a continuar assim ele consiga eleger a sua teúda e manteúda política, institucionalizando o ménage à trois eleitoral.
Na Argentina, apesar da sua bandeira, o céu não está azul, nem o sol brilha para o casal presidencial.
Segundo informa a jornalista Gisele Teixeira, que atualmente mora em Buenos Aires, há um enorme descontentamento dos escritores argentinos com a política cultural do país. A maioria deles não se conforma por ter o governo escolhido Maradona, Carlos Gardel, Eva Perón e Che Guevara como os representantes da Argentina (tenham a santa paciência!) na Feira do Livro Frankfurt de 2010, considerado o maior evento literário do planeta, que terá a Argentina como convidada de honra.
Mas não é só.
Poucos dias antes da abertura da Feira do Livro de Santiago, em que a Argentina é também a convidada de honra, o embaixador argentino no Chile, Ginés González García, declarou que os grandes escritores da Argentina, ganhadores de prêmios internacionais, estão todos mortos e que a literatura do país não conta atualmente com escritores laureados, razão pela qual, ainda segundo ele, o destaque argentino da feira seria o técnico da seleção chilena de futebol, Marcelo Bielsa, El Loco, que não escreveu livro algum e apenas faria uma conferência sobre futebol! Neste aspecto estamos um pouquinho melhor: pelo menos o Parreira (lembram-se?) chegou a lançar um livro pouco antes da Copa de 2006, destinado a ser best seller, mas que encalhou nas prateleiras depois do retumbante fracasso da seleção nacional.
O pau comeu entre os hermanos, diante da estupidez do embaixador, que é ou era tido como leitor e culto!
Vários escritores, entre os quais o poeta Juan Gelman, ganhador do Premio Cervantes, e Federico Andahazi cancelaram sua participação na feira chilena e desancaram com carradas de razão o diplomata(?), apontado como lídimo representante da caricata política cultural vigente no país. (fonte: Blog do Noblat, Cartas de Buenos Aires, Sobre literatura, gafes e “nuevos aires”, enviado pela jornalista Gisele Teixeira em 3/11/2009, que também faz boas indicações sobre os novos escritores argentinos)
Realmente, este é o país do jeitinho… Não tendo uma “Evita” à mão, vai de Dilma, mesmo… rsrs Se a virtual candidata à presidência do Brasil for tão boa parceira política quanto imagino que Dona Marisa seja boa esposa, mais uma vez o nosso Presidente terá acertado em cheio! A impressão que dá é que o homem faz tudo certinho; um ótimo jogador de xadrez. E esperto, “virtude” que, vista sob determinado prisma, ocuparia facilmente o lugar de um dos 7 Pecados Capitais. Da virtude ao pecado, em poucas palavras… Quanto aos desastres culturais de los queridos hermanos, prefiro nem comentar. Parece que neste quadrante do planeta tudo gira em torno de algum tipo de desrespeito. Estigma da vizinhança, talvez.
Quanto mais eu ouço, vejo e leio o Caetano Veloso, mais eu admiro o Chico Buarque. Falar bosta qualquer um fala, pena que ele fale sobre tudo, de física quântica à política, e ainda dêem espaço.
O Lula não fala inglês, não fala francês, não leu a teoria fernandista da dependência (nem na teoria, nem no fato), nem lê o Lance!, mas incorporou uma nova realidade a um país cuja elite – tacanha há mais de 500 anos – nunca enxergou, mas agora olha com brilho. Realidade – classes C, D e E – que será fortalecida ao longo dos próximos anos. Por isso acredito que seu verbete será maior que a do sociólogo que teve um grande trunfo: a estabilização de uma economia claudicante por duas décadas e sempre asfixiada pela inflação galopante. Pena que o metalúrgico e o sociólogo repetem o mesmo erro cambial, que ainda trará pesadas perdas aos netos e bisnetos do futuro.
Meu caro Rockmann
Não se trata de dizer o que você qualifica como bosta, mas do direito de dizer e de você achar que é bosta.
Também não se trata de comparar o que dirão os verbetes das enciclopédias sobre o sociólogo e o operário. Trata-se de passar a mensagem de que ser sociólogo (ou ter estudado) não vale a pena, já que o operário inculto, que não gosta de ler nem se preocupa em falar bem a própria língua, teve mais sucesso.