O jasmim é um arbusto escandente da família das oleáceas, de flores muito aromáticas, brancas, amarelas ou róseas, que apresenta diversas variações, algumas delas conhecidas como jasmim-da-itália, jasmim-de-madagascar, jasmim-dos-açores, jasmim-dos-poetas, jasmim-da-espanha ou jasmineiro-galego. Este último, apesar do nome, é nativo do Cáucaso ao sudoeste da China, e cultivado como ornamental pelo óleo volátil, também usado em perfumaria. Suas flores, de um amarelo vivo, são utilizadas para preparar o tradicional chá muito consumido no Extremo Oriente. Na época da China Imperial, era bebida exclusiva dos nobres da corte, e consta que tem propriedades medicinais como aliviar o estresse; diminuir a ansiedade, a tensão e a exaustão nervosa. Ajuda, ainda, a combater os sintomas da depressão, é excelente calmante e favorece um sono tranquilo. Em compressas, auxilia no tratamento da conjuntivite e problemas da pele. Na medicina popular também é usado para aliviar dores de cabeça e enxaqueca.
Pois não é que o governo comunista da poderosa China está morrendo de dor de cabeça e se borrando de medo dessa arvorezinha à toa?
A denominada “Revolução do Jasmim” que derrubou a ditadura na Tunísia e que vem se espalhando como um rastilho aceso por Egito, Argélia, Bahrein, Sudão, Irã, Iêmen, Líbia, Jordânia, Síria, fez a burocracia que comanda a China com mãos de ferro pôr as barbas de molho, principalmente depois que circulou pela Internet uma convocação anônima para as massas se concentrarem em grandes cidades como Xangai e Pequim. A resposta foi imediata e as ruas foram tomadas pela polícia e imprensa. Ao contrário do que davam a entender os rumores, as massas desandaram, mesmo assim o número de policiais nas ruas demonstrou claramente o temor do governo.
A cobertura dos acontecimentos no mundo árabe foi proibida, para que não sirva de mau exemplo. A internet esta sob censura ainda mais rígida e mesmo a simples e inofensiva palavra “jasmim” está sendo apagada do vocabulário chinês. Um homem foi detido ao colocar flores de jasmim num local onde se esperava que o povo se concentrasse. Detido, defendendeu-se perguntando: “Que há de errado nisso?”.
Até mesmo um vídeo do “presidente” chinês desapareceu da rede porque nele Hu Jintao cantava a música “Molihua” (Flor de Jasmim) com um grupo de estudantes da língua chinesa no Quênia, durante uma visita oficial ao país africano em 2006. A canção entoada por Hu é uma das melodias tradicionais mais famosas da cultura chinesa e também foi cantada em dezembro durante a cerimônia de entrega do prêmio Nobel da Paz ao dissidente chinês preso Liu Xiaobo.
Agora se noticia que o governo chinês determinou que os jasmineiros sejam cortados em todo o país, para não correr nenhum risco!
A China tornou-se a nova queridinha dessa praga conhecida como analistas econômicos, que elogiam e apontam como modelo o seu impressionante desenvolvimento econômico, conseguido à custa do trabalho escravo a que se acha submetida a sua imensa população, dos sacrifícios que lhe são impostos e das restrições às liberdades típicas das autocracias.
Parece, porém, que os regimes de força, mais dia, menos dia, não resistem às flores, e despencam com as folhas no outono.
Além da “Revolução do Jasmim”, a ditadura militar do Brasil tremeu diante da célebre canção de Vandré, “Pra não dizer que não falei das flores”, e a “Revolução dos Cravos” em Portugal acabou de vez com o agonizante regime salazarista.
Um dia, ainda que tarde, os jasmins voltarão a florir na China.
Pois é, Antonio. Por aqui não tememos as flores. Antes, os espinhos da ignorância, da mediocridade e da picaretagem que nos são impostas cotidianamente. Lutamos tanto para ver “esses peixe entrar nas rede”…
(concordância adequada para viver melhor)
Beijocas.
Ainda bem que o nosso povo é totalmente alienado por coisas como futebol (adoro!), churrasco, baladas e farras de qualquer tipo…
Duvido que ainda tenhamos qualquer tipo de manifestação musical de descontentamento, porque, de alienados, só se pode esperar ignorância.
Os cultos, que poderiam expressar algum tipo inteligente de rebeldia, ou estão empenhados em ganhar a própria vida (o que não está fácil) ou… dormem em berço esplêndido sobre os louros colhidos do passado, que estão rendendo como nunca.