Com as partes ideais
do meu quinhão,
reconstruo a velha casa
da minha infância.
Todas as casas
estão nela,
com seus cheiros,
suas marcas,
varandas, janelas,
a sala de visitas
sempre fechada
com o piano ao canto
e cada coisa em seu lugar.
A remota casa
que se edifica
em lento construir,
pouco a pouco se arremata
com todos os moradores,
suas vozes, seus risos,
bigodes e tranças,
o primeiro cachorrinho,
o papagaio no poleiro,
os rumores da cozinha,
as flores do furtivo jardim.
Ninguém jamais
será capaz
de pôr abaixo
essa casa que habita em mim.
Não tenho saudades das casas da minha infância, não, Professor. Talvez porque mudássemos muito, de casa, de cidade…
Mas, assim como o senhor, “ninguém jamais será capaz de pôr abaixo essa casa que (hoje) habita em mim”!
Lindo poema!!!