Li por aí que twitter foi considerada a palavra do ano, a mais falada, escrita e procurada.
Creio que o vocábulo ainda não se acha dicionarizado no Brasil, mas pelo que sei na língua inglesa deriva ou se trata de um verbo com significado aproximado de falar rapidamente, com nervosa agitação e excitamento.
Reflete, pois, com precisão não apenas a rede de microblogs que se tornou uma febre mundial, mas o próprio modo de nos relacionarmos nestes tempos de aflitiva urgência, em que todos querem estar em permanente vigília, vigiando e seguindo todos, sendo vigiado e seguido por todos.
Tudo começou com o celular, que já transcendeu a si mesmo e se tornou muitas outras coisas, e a partir do qual vamos nos atochando novas e sofisticadas coleiras eletrônicas, com as quais somos encontrados a qualquer hora e em qualquer parte.
Há um generalizado temor de se ficar só ou incomunicável. “Quem não se comunica se trumbica”, já proclamava o profeta e filósofo contemporâneo Chacrinha.
Mas se todos se comunicam sem cessar, se todos falam uns com os outros o tempo todo, quem é que escuta?
Mais grave ainda. Quando é que nos ouvimos a nós mesmos?
Reivindico o direito de estar só.
Meu celular, de um modelo antigo e comum, passa a maior parte do tempo desligado, e muitos reclamam disso, como se o aparelho existisse para servir a eles e não a mim.
Não tenho twitter (não sou presunçoso para achar que alguém possa ter interesse pelo que eu esteja fazendo ou pensando a cada instante), perfil no facebook ou no orkut. Não faço parte de nenhuma comunidade, a não ser da humana, assim mesmo porque não tive outra opção.
Talvez este blog já seja uma demasia, e como bem dizia o Padre Antonio Vieira, se não basta o que seja, baste o que sobeja.