“Podia me dizer, por favor, qual é o caminho para sair daqui?”
“Isso depende muito do lugar para onde você quer ir”, disse o Gato.
(Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas, capitulo VI)
Na histeria coletiva do politicamente correto, em que beijar uma filha pequena, se isso parecer inconveniente aos circunstantes, pode levar à prisão, Lewis Carrol estaria condenado inapelavelmente como pedófilo. Aliás, há muitos idiotas da objetividade, como diria Nelson Rodrigues, que pensam que de fato ele o fosse.
Nesta época de presentes, a maioria inútil ou decepcionante para quem recebe, já que poucos têm o dom de saber o desejo do outro, antes mesmo que este o sabia, como anotou com extraordinária agudeza Contardo Calligaris num artigo recente, a editora Cosac Naify nos oferece uma primorosa edição de Alice no País das Maravilhas, com excelente tradução de Nicolau Sevcenko e ilustrações de Luiz Zerbini, em que o formato das páginas imita cartas de baralho e o próprio livro vem dentro de uma caixa que simula a embalagem do baralho.
Para os que tem olhos de ver, ou ler, os dois clássicos de Carrol sobre as aventuras da menina (Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho) vão muito além de simples contos de fadas, ainda que possam ser lidos como tais, sem problema algum. Aliás, nenhum conto de fada é apenas o que parece.
Além do lançamento da Cosac Naify, os estúdios Disney divulgaram o segundo trailer de Alice no País das Maravilhas, dirigido por Tim Burton, que deve chegar aos cinemas brasileiros em abril de 2010 (haverá também uma versão em 3D, que vai se tornando moda, embora alguns espectadores possam sentir vertigens e náuseas).
Para mim, Burton afigura-se o diretor ideal para recriar o mundo lúdico e imprevisível imaginado por Carrol, e o casting promete, com Johnny Depp no papel do Chapeleiro Maluco, Helena Bonham Carter, como a Rainha Vermelha e Anne Hathaway como a Rainha Branca.
O trailer parece confirmar as qualidades do filme. Confira aqui.
Lewis Carrol