“Não é grafomania. É civilidade.”
(Otto Lara Resende)
Meu pai, meu mestre
Encarapitados nas suas montanhas e nos seus belos horizontes, será mesmo o Rio tão longe para os mineiros, nostálgicos do mar que não têm?
Afinal, navegar é preciso; viver não é preciso, e mineiros de tantas gerações de ouro deixaram aquela Minas telúrica e provinciana (que não há mais) e foram aportar no Rio, capital do Brasil (e acaso existirá algum Brasil?).
Pedro Nava, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, e depois Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos, os quatro Cavaleiros do Apocalipse, segundo eles próprios. Apocalipse que também não houve (ou então já aconteceu e não percebemos).
Você bem poderia ter estado com eles ― e de certo modo esteve ― mas preferiu se embrenhar pela Mogiana bandeirante, não sem antes, em breve paragem nos vastos campos de Piratininga, conceber com uma também mineira este paulistano desgarrado, das quebradas do Bexiga, coestaduano de Adoniran.
O Rio agora está tão perto com os aviões de carreira cada vez mais a jato. Menos de uma hora. Mas você hesita em aceitar meu convite para desfrutá-lo, e sempre dá uma desculpa para se enfurnar em casa. Eta mineiro desconfiado!
Talvez o Rio também já não exista. Apenas resquícios do Rio de Machado, Ruy, Drummond, daqueles quatro cavaleiros mineiros de um “íntimo apocalipse”, de Vinicius e Jobim, de uma amorosa lua de mel, ainda resistem.
Mas o que nos resta senão resistir?