Sidney Miller, carioca de Santa Teresa, um dos maiores talentos da MPB, morto com apenas 35 anos, deixou uma obra de imensa qualidade e absolutamente atual, grande parte inédita em disco.
Basta dizer que no Festival da Record de 1967 (de que participaram, entre outras feras, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil) recebeu o prêmio de melhor letra com a canção “A estrada e o violeiro”, interpretada por Nara Leão e ele.
São dele também as antológicas “Pois é, pra quê?” (clique no link e veja um post anterior a respeito), “O Circo”, “Alô, Fevereiro”.
Aqui um registro raríssimo, de 1976, em que Sidney Miller canta uma das muitas joias de seu repertório, “Nós, os foliões”, relato docemente amargo, ternamente irônico (a começar pelo título) de um amor que se foi, como um carnaval qualquer.
Ele se foi em 1980, como uma brisa matinal que nos ameniza, mas não resiste à implosão solar de uma tristeza infinda.
Nós, os foliões
Nosso amor passou eu sei
No principio eu não quis acreditar
Chorei
Mas, depois eu tive que me conformar
Me conformei
A realidade foi maior
Aprendi nessa dor
A mágoa não compensa
E o orgulho é mais cruel
Que toda a indiferença
Pode acreditar, mulher
Nosso amor foi lindo
Como um carnaval qualquer
Que se acaba
E faz um novo dia a dia acontecer
Tão difícil assim como viver
Até um dia em que vem
reacender alegrias e salões
Nós, os foliões
Nossas alegorias
Tão esperado e se foi
Tão colorido e lá vai
Perdendo a cor o carnaval do nosso amor.
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Prezado gama
tive o prazer de por pouco tempo “conviver” com o Sidney mas o suficiente para perceber uma pessoa especial. Especial no sentido bem amplo da palavra. Tinha um viés de silencioso, triste, alegre, tudo ao mesmo tempo.Um jovem integrado ao cotidiano da cidade e da vida. Vivia um sonho, o seu sonho. Era um “porta voz” de uma geração de sonhadores..
Era um fora de série, uma pena ter morrido tão cedo e de forma ainda não muito esclarecida, apenas suposição,Não tenho dúvidas que teríamos, hoje, um compositor no rol dos maiores do país.
Vejo com alegria um riberão pretano bem integrado as coisas e as pessoas dessa cidade. Você também é um cara especial.
Só como detalhe de informação.Na época em que o conheci, sem ser seu amigo , não era um tempo legal… aqui no Rio …
parabéns pela lembrança em meu nome e do sidney onde ele estiver
Lembra-me bem, Paulinho, não era mesmo um tempo legal.
Era um tempo ilegal…
Um abraço.
Oi Gama, muito boa a lembrança do Sidney Miller e principalmente de uma de nossas maiores cantoras, a grande e imortal NARA LEÃO, que gravou duas vezes uma de suas músicas mais bonitas, Pede Passagem, em 1966 e 1982.
“Quem nunca soube o que é ter alegria na vida, tem toda a avenida pra ser muito feliz”
Muito bonito mesmo!
Abraço.