Os cabelos eram muito pretos e lisos, quase sempre presos com uma trança ou um rabo de cavalo.
As pernas, muito compridas e torneadas, como de moça feita, mas disso ele só veio saber muito tempo depois, quando ela já devia ser moça.
O que o empolgava naqueles tempos era como as pernas corriam velozes (até mais do que as dele), subiam nas árvores, plantavam bananeira, rodavam estrelas, pulavam corda, pedalavam a bicicleta.
Os olhos, o nariz e a boca eram muito grandes, engraçados, mas só muito tempo depois ele veio saber que essa era a graça.
Ela era ótima no pega-pega, além de correr muito, dava uns dribles de entortar, mas no esconde-esconde se escondia sempre nos mesmos lugares, que ele fingia não achar, só para que a brincadeira continuasse.
“Pe-vo-pe-cê-pe-quer-pe-ser-pe-mi-pe-nha-pe-na-pe-mo-pe-ra-pe-da?”
Perguntou-lhe um dia, na língua secreta.
“Pe-só-pe-se-pe-vo-pe-cê-pe-me-pe-al-pe-can-pe-çar.”
Ela deu uma risada, saiu correndo e antes que ele a pegasse entrou em casa gritando: “Pique!”
Então ela se mudou daquela casa, e se escondeu tão bem que ele nunca mais a encontrou.
Só veio a saber muito tempo depois que não era para ter desistido de procurá-la. Maspás dapavapá tempemvopô. Hehehehe. Adorava irritar meus irmãos assim.
Minha língua do P vem do javanês arcaico, reparou? A sua tem outra declinação.
Lindeza de crônica!
Beijocas!
Vofinicêfini esfinicrefinivefini linfinidafinimenfinite. Efini vafinileufini lemfinibrarfini asfini linfiniguafinigensfini dafini infinifânfinicifiniafini.
Acho que cada um de nós teve uma língua pra falar secretamente, não? Eu e minha mãe nos comunicávamos muito bem assim e nada de pai, filhas, marido ou outros saberem sobre o que falávamos. Uma delícia a cara de bobo de todos e o tanto que meu pai ficava bravo. Beijão
Selma e Sonia, a minha língua do pê é pobrinha.
A língua secreta de vocês é bem mais sofisticada,com declinações do javanês arcaico e do latim tardio!
Pe-be-pe-i-pe-jos pe-e pe-be-pe-i-pe-jo-pe-cas.
Fofo demais! Lindo!