Arte de Antonio Lucena (Fonte: Blog do Noblat)
Brasília completou 52 anos no último sábado, dia 21.
Em seu artigo quinzenal na revista Veja da semana passada (A era da inocênia), o sempre excelente Roberto Pompeu de Toledo narra a visita que em 1958 a poeta americana Elizabeth Bishop fez à cidade que nascia, integrando uma comitiva organizada pelo Itamaraty, da qual também participou Aldous Huxley.
Bishop ficou impressionada com a chamada Cidade Livre, toda de madeira como um cenário de faroeste, onde moravam as pessoas que trabalhavam na construção de Brasília.
A Cidade Livre tinha então 45.000 habitantes e possuía, além das moradias, mercados, bares, farmácias, lojas e até um cinema, de propriedade de uma condessa polonesa, jovem e bonita, refugiada no país.
A condessa Tarnowska, que serviu de cicerone e anfitriã na Cidade Livre, contou aos visitantes a seguinte história que ocorrera no seu cinema, pouco tempo antes, quando estava em cartaz o filme E Deus Criou a Mulher, com Brigitte Bardot:
“A projeção caminhava normalmente, até que, na mais esperada cena, no momento mesmo em que Bardot desfazia o primeiro botão da roupa, parava. As luzes então se acendiam e o projetista avisava: “Queiram as senhoras e senhoritas, por favor, deixar a sala.” As mulheres saíam e aglomeravam-se lá fora, na rua de terra, sem calçada. A projeção continuava só para os homens. Terminada a cena de nudez, parava de novo, e as senhoras e senhoritas eram avisadas de que estavam liberadas para voltar. Pudor era o que não faltava, na Brasília daquele tempo.”
Desde então, muitas águas rolaram, e ainda vão rolar…
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