Posts from junho, 2012

Meu reencontro com Espinosa

 

 

 

               A última vez em que estive com Espinosa foi no início de 2010, quando passava férias no Rio de Janeiro e ele ainda se recuperava de um grave ferimento que sofrera.

               Contei a respeito daquele nosso encontro aqui. Mesmo em convalescença, Espinosa acabou se envolvendo, e também a mim, numa outra investigação sobre o súbito e estranho desaparecimento de um dentista de vida pacata e metódica.

               Depois daqueles dias, somente nos falamos esporadicamente por e-mail e telefone. Numa das vezes em que fui ao Rio cheguei a procurá-lo na 12 DP de Copacabana, mas ele estava em gozo de licença-prêmio e havia viajado para Lisboa e Paris, certamente para vasculhar livrarias e sebos, como ele tanto gosta.

               Apesar da distância física, nossa amizade nunca se abalou, basta nos reencontrarmos para a conversa seguir como se nunca tivesse sido interrompida. Creio que os verdadeiros amigos e camaradas são desse jeito, sem cobranças e recriminações.

               Mesmo assim, andava incomodado com o afastamento. Cheguei a comentar isso com minha filha Carolina outro dia. Longe de Espinosa, perdi também o contato com seu amigo Luiz Alfredo Garcia-Roza, que ele me apresentou e de quem gosto muito. Andei procurando novos livros de Garcia-Roza pelas livrarias, mas faz tempo que ele não publica.

               Quinta-feira passada, ao flanar pela Livraria da Vila, no Shopping Higienópolis, eis que dou de cara com Espinosa a remexer nas prateleiras.

               Infelizmente, ambos estávamos apressados e só tivemos tempo para um abraço, um café e conversar rapidamente. Ele tinha vindo a São Paulo em diligência numa de suas investigações e voltaria logo mais para o Rio, na ponte aérea de Congonhas. Eu também estava de saída para Guarulhos, onde embarcaria para Buenos Aires.

               Apesar do pouco tempo, Espinosa, além de me dar notícias de Garcia-Roza, que vai muito bem, contou-me sobre um novo caso que o anda assombrando e ao qual se dedicaria integralmente assim voltasse para o Rio.

               Trata-se de um assassinato a faca cometido de madrugada em plena Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Espinosa tem certeza de que tudo foi presenciado por uma frágil moradora de rua, se não me engano conhecida como “Princesa”. Ela, porém, nega ter visto e, ainda segundo o feeling do meu amigo delegado, pode se achar em grande perigo.

               Tão logo regresse ao Brasil, vou entrar em contado com Espinosa para saber o que ele apurou. Tomara que já tenha solucionado o crime e que a pobre testemunha ocular não haja se tornado vítima também, não bastassem os males que a vida miserável lhe perpetra.