Tragando a vida

 

 

Foto de Wanderley Almeida

 

 

“Cem anos é uma bobagem, depois dos 70 a gente começa a se despedir dos amigos. O que vale é a vida inteira, cada minuto também, e acho que passei bem por ela.”

 

“A vida não é justa. E o que justifica esse nosso curto passeio é a solidariedade.”

 

(Oscar Niemeyer, 1907/2012)

 

 

 

                              Quem tem pressa

                              esvai-se pela reta

                              menor caminho

                              entre dois pontos,

                              aponta-se.

 

                              Mas quem decreta

                              que a vida é reta?

                              Nem me apresta

                              chegar de um a outro

                              ponto algum.

 

                              Prefiro o caminho,

                                           com suas curvas

                              vagantes

                                                       seus seios

                              e meneios

                                        desvios

                              da ida sem volta

                                                  que vida se chama.

 

 

                                                       

11 comentários

  1. André
    08/12/12 at 18:39

    Gama, gostei muito do poema e estou muito triste pela morte de Niemeyer. Foram 105 anos muito bem vividos (completaria essa idade no próximo dia 15), o arquiteto que projetou Brasília e também muitos traços. Certamente seu legado vai ficar pra eternidade. Também hoje (08/12) há 18 anos, em 1994, subia aos céus o Maestro Soberano, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, cuja obra é imortal.
    Abraçaço.

    • Antonio Carlos A. Gama
      08/12/12 at 19:44

      André, veja de novo.
       
      Já estava programada uma homenagem ao Maestro Soberano, é claro.
       
      Abraçaço.
       

  2. sonia kahawach
    08/12/12 at 19:40

    Como sempre você “mata em cima”. Belíssimo o poema. Gosto dessa foto dele, pois não está tão depauperado pelo tempo. E a cigarrilha companheira de sempre. Grande beijo meu poeta!

    • Antonio Carlos A. Gama
      08/12/12 at 19:43

      Beijo de volta, minha querida.

  3. 08/12/12 at 20:45

    Belíssimo, Gama! Estou sempre por aqui prestigiando 🙂
     
    Beijão

    • Antonio Carlos A. Gama
      08/12/12 at 21:08

      Bem-vinda, Milena!

      Comente sempre.

  4. 09/12/12 at 14:20

    O poema é lindíssimo! A vida chegou a dançar na última estrofe…

    Adorei, poeta.

    Beijocas! 

  5. paulinho Lima
    10/12/12 at 13:34

    Tive o privilégio de ter uma reunião com o mestre. Meia hora no máximo, se muito. Ouviu o tempo todo. Nenhuma palavra. Foi a maior aula que tive na vida.
    Na saída: “voltem sempre”  

  6. paulinho Lima
    10/12/12 at 13:36

    Complemento: uma pena que seus ensinamentos sociais não tenham sido ouvidos. 

  7. Brenno
    11/12/12 at 15:37

    Houve sim um certo fumo
    turvando a visão do rumo
    e a reta se fez incerta
    e a meta envolvida
    por alva fumaça atrevida
    a embaçar a vidraça
    que dava pro campo da vida.
      
    Até que foi bom… construtiva
    a neblina que se impôs
    à visão alternativa.
      
    Que o rumo estava tomado
    e o destino traçado.
    Os olhos do coração
    dispensam a luz da visão.
    Se o caminho estava pronto,
    inevitável o encontro.

    • Antonio Carlos A. Gama
      11/12/12 at 21:33

      A vida não dá pra fumar sem tragar…

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