“A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar
Mulher que nega
Nega o que não é para negar”
“Formosa” (Vinicius de Moraes / Baden Powell)
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=UPCFi0y1w1Q[/youtube]
“A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar
Mulher que nega
Nega o que não é para negar”
“Formosa” (Vinicius de Moraes / Baden Powell)
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=UPCFi0y1w1Q[/youtube]
Annibal Augusto Gama
Teodureto quebrou um dedo, quando lhe desabou sobre a mão a janela de guilhotina. Saiu urrando de dor, e dançando pela casa. Foi ao médico, que lhe engessou o dedo e ficou dedo duro. Mas não era.
Quando conheceu Sofia, ela lhe perguntou, rindo:
— Teodureto não é nome de remédio?
Os remédios curam ou não curam. Alopatia, homeopatia, benzeções e garrafadas. Tosse? Tome Bromil.
O que não tem remédio, remediado está.
O remédio é amar, mas amar também dói.
Teodureto amou Sofia, mas fie-se em quem só fia.
Droga para perda de memória é fosfato.
Vestido de fraque, Teodureto foi falar com o pai de Sofia
— Peço-lhe autorização para namorar Sofia, noivar e casar.
O homem tinha muitos cuidados com a filha e lhe perguntou severamente:
— O senhor o que faz?
— Por enquanto, nada.
— Pois nade em mar crespo, e volte salgado.
Vendo o triste pastor que assim lhe era negada a sua pastora, começou de servir outros sete anos, dizendo, “mais servira se não fora para tão longo o amor tão curta a vida”
Com o dinheiro que possuía, abriu uma farmácia, botando espetado na porta o marinheiro carregando um grande peixe, da Emulsão de Scott.
Remédio vai, remédio vem, ia fazer injeções nas bundas fofas das madamas, espetando-lhes a agulha e depois soprando.
Enquanto isso, Sofia ria.
Quinze anos depois, Teodureto estava gordo e calvo e, ao luar da noite, roía o queijo da Lua.
Não casou, e envelheceu.
E, ao invés de descobrir um remédio para lembrar, inventou outro, para esquecer.
No esquecimento, todas as Sofias andam de braços dados com as Briolanjas.
As mulheres são como maçãs nas gavetas: secam e murcham.
Lembrai-vos disso, meninas: o amor é para dar-se.