Posts from setembro, 2014

Sem essa, Aranha!

 

 

Aranha

 

 

Sem essa, Aranha!

Como bem disse pai Felipão ─ o mago da estratégia chutão pro mato que o jogo é de campeonato ─ você fez a torcida do Grêmio perder a cabeça.

Você queria fazer cera, também bem disseram os advogados e diretores do Grêmio.

Já o árbitro disse que não viu nem ouviu nada!

Até o Rei Pelé disse que você exagerou. Ela aguentava tudo quietinho, como um bom neguinho, que sabia o seu lugar. Quanto mais se fala em racismo, pior é! Nós não somos um povo racista! Tadinha da moça que foi flagrada te xingando! Ela mesma disse que não é racista e te pediu desculpas!

Já melhorou muito. Antes os negros tinham de passar pó de arroz pra jogar nos times dos brancos…

Você ficou indignado só porque te chamaram de “macaco” e “preto fedido”? Doeu? Parou o jogo para reclamar?

Então ontem a valorosa torcida do imortal Grêmio passou a te chamar de “Branca de Neve” e de “viado”. E a te vaiar desde o aquecimento até o final do jogo. Isso é do jogo! Tá reclamando de quê?

O solerte repórter do SporTV, que te viu e perseguiu o tempo todo, quis saber o que havia de diferente na vaia, quando você disse que estava triste com ela.

Esse papo já tá qualquer coisa…

 

 

 

 

Lugar-comum

 

 

                                               LUGAR-COMUM

 

 

                                   Dizem-me para fugir do lugar-comum,

                                   mas nada tenho de original

                                   e vivo só, se vivo estou,

                                   daquele mesmo amor

                                   lugar-comum que você deixou.

 

                                   Lugares-comuns que foram nossos,

                                   a mesma praça, a mesma rua,

                                   a mesma chuva, a mesma lua,

                                   a mesma canção dos bares de então,

                                   aquele da fotografia onde você

                                   bem que me disse que amar é tolice,

                                   que sou desafinado e saio do tom.

 

                                   Lugar-comum é o meu dom,

                                   o barquinho vai, a saudade vem,

                                   e eu aqui neste mesmo lugar

                                   a me perguntar onde anda você

                                   por toda a minha vida.

 

 

“Neste mesmo lugar” (Armando Cavalcanti / Klecius Caldas), com Elis Regina

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