Foto de Bell Gama
Ontem, por mera coincidência, toca-me pegar Manuela na escola, sem atinar que era “Dia do Idoso”, mesmo porque isso nada tem a ver comigo.
Quando me aproximo da sala do “Grupo 3”, ela vem ao meu encontro, saltitante e festiva, proclamando aos quatro ventos:
— Babu é idoso, Babu é idoso, Babu é idoso…
E assim continua, saracoteando à minha frente, pelos corredores e pelo pátio até o portão de saída, ao embalo dos risos das professoras, da diretora, dos funcionários da escola, de mães e pais de outros alunos, do porteiro, do pipoqueiro, do sorveteiro e de quem mais por lá estava.
Já na rua, enquanto caminhamos até meu carro, depois de alguns protestos débeis e infrutíferos (“Não sou idoso, sou um menino antigo”; “Idoso é a vó!”), endureço o jogo:
— Se eu sou idoso então vou morrer logo.
— Não Babu, você vai viver mil anos! Vai buscar minha filha na escola, comprar pipoca e sorvete para ela.
— Vou sim.
— E sabe o que minha filha vai dizer pra você?
— O quê?
— Babu é idoso, Babu é idoso, Babu é idoso…
Mais tarde, a mãe passa em casa para pegá-la e, como de hábito, levo-a no colo para o carro, trocando abraços e beijinhos.
Ao descermos as escadas da varanda, ela vê a lua crescente que desponta entrecoberta pelas nuvens:
— Olha, Babu, a lua está acendendo!
Mas é nos meus braços que a lua loura cresce e acende a vida.
“[…] mesmo porque isso nada tem a ver comigo”. Fez-me rir, meu amigo. Para a Manu, tê-lo e pronunciar a palavra “idoso” deve ser a coisa mais gostosa de se ter e pronunciar nesse mundo.
Antonio, eu babo com Manu e Babu… Você é mais criança do que ela, querido.
Fico meio assim, assim, porque não vou viver diálogos como este com Cadu… A não ser que me mude para s terrinha ou Califórnia…
Beijocas nos dois!
Gama, eu acho lindíssima essa relação que você tem com a Manu, pois ela traduz o verdadeiro significado da palavra Amor, que é um sentimento lindo e certamente recíproco entre vocês dois.
Abraçaço.