Selma Barcellos
Lembra aquele restaurante aconchegante de mesa romântica à luz de velas, arranjo de flores, piano ao fundo, garçom discreto com os torpedos, dando sugestões, curvando-se com uma das mãos para trás e com a outra dando aquela giradinha na garrafa de vinho ao servi-lo? Acho que adeus…
Faz sucesso em Londres um restaurante que dispõe de sistema interativo em que o cardápio é projetado na mesa do cliente. A um simples toque dos dedos você faz o pedido – enviado à cozinha via Bluetooth – , muda a decoração e a iluminação da mesa conforme seu humor ou o estilo de quem o acompanha, joga uma partida de batalha naval (uau!) ou assiste aos bastidores da cozinha (nossa!), janta, pede a conta e ainda chama o táxi. Passa a noite apertando botão. Não é meigo?
Sinceramente, ainda que Richard Gere me convidasse para tão romântico momento… digital, eu o deletaria. Tudo bem, exagerei. Aperta F5.
Muita interferência tecnológica, gente. E começando tão cedo…
– Sam? Better forget this.
Se faz sucesso é porque tem público, não? Eu não me vejo aí dentro nem como experiência, Gama.