Descarta

 

 carta posta restante

 

Não a carta de amor

ridícula

nem a carta de adeus

suicida.

 

Não a carta paterna

saudosa

nem a carta de pêsames

dolorosa.

 

Não a carta comercial

publicitária

nem a carta panfleto

revolucionária.

 

Não a carta charada

enigmática

nem a carta contrato

sinalagmática.

 

Não a carta de ocasião

sociável

nem a carta padrão

descartável.

 

Mas a carta nunca escrita

e jamais recebida

insubstancial e expectante

num escaninho da posta-restante.

 

 

 

2 comentários

  1. André
    24/09/14 at 21:14

    Escrevi uma carta de amor
    com muito amor
    para o meu amor
    falando como é grande
    o meu amor por ela.

  2. sonia kahawach
    25/09/14 at 11:46

    Sempre amei escrever e receber cartas. Tenho inúmeras guardadas desde que eu era bem pequena e recebia de minhas tias – tia Cila principalmente – primas e amigos. E bom número das que escrevi e nunca enviei, mas que são o retrato de épocas vividas. E hoje guardo, em arquivo, as que recebo via e-mail. Mas era bom demais esperar pelo correio e pegar na caixinha.

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