Não a carta de amor
ridícula
nem a carta de adeus
suicida.
Não a carta paterna
saudosa
nem a carta de pêsames
dolorosa.
Não a carta comercial
publicitária
nem a carta panfleto
revolucionária.
Não a carta charada
enigmática
nem a carta contrato
sinalagmática.
Não a carta de ocasião
sociável
nem a carta padrão
descartável.
Mas a carta nunca escrita
e jamais recebida
insubstancial e expectante
num escaninho da posta-restante.
Escrevi uma carta de amor
com muito amor
para o meu amor
falando como é grande
o meu amor por ela.
Sempre amei escrever e receber cartas. Tenho inúmeras guardadas desde que eu era bem pequena e recebia de minhas tias – tia Cila principalmente – primas e amigos. E bom número das que escrevi e nunca enviei, mas que são o retrato de épocas vividas. E hoje guardo, em arquivo, as que recebo via e-mail. Mas era bom demais esperar pelo correio e pegar na caixinha.