“She” (Charles Aznavour / Herbert Kretzmere), com Aznavour
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8omiEU1S3hQ&hd=1[/youtube]
“She” (Charles Aznavour / Herbert Kretzmere), com Aznavour
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8omiEU1S3hQ&hd=1[/youtube]
“Vivo sonhando, sonhando, mil horas sem fim…”
“Vivo sonhando” (Tom Jobim), com Os Cariocas
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Q_RwYd2bdZ0&hd=1[/youtube]
Comove-me o outro Gama!
Parente? Contraparente?
É isso indiferente
se a poesia que chama.
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama (1924-1952)
Claudia Pereira
CAMPINAS, MY DARLING
morre em mim
a última Alice
a primeira Clarice
e todas eu
que não disse
campina que não existe
insiste
descompõe a distância
lança raízes
em riste!
tudo bem
invento Marias
mães, tias
minhas Berenices
festivas pasárgadas
passaradas
em vão
passarão.
“Oh! Darling” (creditada como de Lennon / McCartney, mas teria sido composta apenas por Paul), The Beatles
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8PZWGGkrMCk&hd=1[/youtube]
Selma Barcellos
Não bastasse me deparar com a safira que reverberava no espelho d’água da Lagoa, almoçar na icônica Nascimento Silva, visitar a “Toca do Vinicius” – pequeno e charmoso templo da Bossa Nova, repleto de livros, songbooks, DVDs, CDs, camisetas, vinis, com um dono enciclopedicamente informado sobre música, ótimo papo – , a tarde ainda me reservava conhecê-lo.
_ Ça va, Pierre! exclama o dono para um senhor que entra e caminha até nós. Somos apresentados. Era Pierre Barouh. Até tentei segurar a onda que se ergueu no mar. Mas não deu, gente. O homem faz parte da trilha sonora da minha biografia e me concedi o mico de cantarolar “être heureux c’est plus ou moins ce qu’on cherche” … Ganhei o maior sorrisão e na fotografia estamos felizes.
Só esqueci de comentar com Pierre (sentiram a intimidade?) que moro em Itacoatiarrá, praia onde ele passava temporadas em priscas eras (a casa hoje é um clube), recebia Tom Jobim… Quem conta é minha vizinha, uma das mais antigas moradoras. “Itacoatiara era deserta e à noite acendíamos lamparinas. Até Antonio Maria teve casa aqui, Selminha!”.
Saí da Toca nas nuvens e com (mais) um livro do Ruy Castro sobre a Bossa Nova. Delícia de leitura. Já cheguei no Descobrimento de Búzios por Brigitte Bardot, em fotos deslumbrantes. À certa altura, lá está:
“No dia em que se reescrever a Constituição, um dos novos artigos dirá: Todo brasileiro tem direito a um cantinho e um violão. Tem direito também a cidades saudáveis, matas verdes, céus azuis, mares limpos e seis meses de verão. E tem direito a andar na praia, namorar gente bonita e ser feliz.”
Amém, Ruy. É impossível ser feliz sozinho.
Houve uma vez dois verões em Búzios e BB aprendeu a cantar “Maria Ninguém”, um clássico da Bossa Nova. Como Deus estava inspirado quando criou essa mulher… Confiram:
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=zRCu23SYnrk[/youtube]
Adalberto de Oliveira Souza
ACONTECIMENTO
Só o inesperado ocorre,
canastra de surpresas.
O previsível é uma ilusão,
canastra de enganos.
Inútil desejar,
atroz carícia
Inútil.
O mundo caminha
rematando calúnias e possibilidades.
Somos sem dúvida uma peça
desmascarada e caprichosa
dessa grande máquina e
dela não se sabe o vil calendário
que a move.
Participamos
vislumbrando miragens
avidamente
quase sempre.
“A foggy day” (George / Ira Gershwin), com Fred Astaire
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=QbgyZzJ7Oig[/youtube]
Annibal Augusto Gama
Quando vier o inverno, teremos possivelmente alguns dias e algumas noites de bruma. A bruma não apenas esconde as pessoas, transformando-as em vultos, mas também desfaz as arestas, deixando quase tudo sem contorno. Suponho que os mortos, durante algum tempo, vivam dentro da bruma, esbarrando-se uns nos outros, a perguntarem: Onde estou? Qual é o caminho? Tanto quanto nós outros, ainda vivos, que fazemos as mesmas perguntas. Mas, nas quatro estações, vivemos antes dentro da broma. Somos permanentemente embromados, e também embromamos. Os dicionários definem primeiramente “broma” como “inseto ou verme que rói a madeira”. Só ao fim do verbete é que definem “broma” como “gracejo, chalaça, troça”.
Na broma, neste último sentido, vivemos, passa ano entra ano, neste país das arábias. É a broma geral dos políticos, dos governantes, dos comerciantes, dos publicitários. A broma também e principalmente que toma o significado de trapaça, de engodo, de tapeação. E a broma rói, como o inseto ou verme.
Que são afinal essas cúpulas em que se reúnem periodicamente os governantes dos muitos paises, os economistas, os planejadores? Broma. Prometem auxiliar-se uns aos outros, a confraternizar-se, a acabar com as barreiras e as fronteiras, a diminuir os impostos, a trazer a felicidade para todos. Bromas. Tudo continua e continuará do mesmo jeito.
As eleições sucedem-se, e são as mesmas bromas. De vez em quando, alguns se irritam, e promovem as guerras, as revoluções. São outra espécie de broma
O homem é o animal que embroma. A mulher embroma o marido, e o marido embroma a mulher. As religiões e as seitas, não raro, também embromam. As utopias não passam de bromas.
Eis porque prefiro a bruma.
O APRENDIZ
Houve um tempo em que tudo era tão novo,
tão surpreendente, impressionante e aventuroso,
o clarão do sol, o luar, as estrelas frias,
o dia que sucedia à noite, os sons e as vozes
que às vezes se pareciam ou distinguiam,
o tesouro que se escondia do olho no fim do arco-íris,
as letras que pouco a pouco povoavam e se escreviam
em palavras e pensamentos que nele havia,
mas ainda não sabia.
“O poeta aprendiz” (Vinicius de Moraes / Toquinho), com Adriana Partimpim
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=GcwLeMiGF3g[/youtube]