sentimentos são sedimentos
camadas superpostas
(de dentro para fora)
que uma vez expostas
(de fora para dentro)
descarnam e deixam claro
o que nem mesmo a gente
soubera assim assente
“Sentimentos” (Mijinha), com Paulinho da Viola
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=A590p5AA65c[/youtube]
“É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz.”
“Gostoso demais” (Dominguinhos / Nando Cordel), com Maria Bhetânia
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=M3kHQrdixn0[/youtube]
O nome é complicado, mas Trijntje é holandesa, e sua interpretação do clássico, personalíssima!
“I wish you love” (“Que reste-t-il de nos amours?”, Leo Chauliac / Charles Trenet / Albert A. Beach), com Trijntje Oosterhuis
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=HHsAXwbIpoU&hd=1[/youtube]
Annibal Augusto Gama
Quando desaba uma tempestade furiosa, com raios e trovões, invocam-se Santa Bárbara e São Jerônimo. Não se invoca, por exemplo, para esses casos, Santa Teresinha, porque não é da sua área. E sou de crer que os próprios santos, segundo a jurisdição celeste, se invocados para o que foge à sua especialidade, dão-se por incompetentes. Enviam o pedido, ou a súplica, para o santo ou a santa cuja competência é reconhecida. E pode ser que a exceção de incompetência seja também arguida; mas por quem?
Santo Antônio é tido como o santo casamenteiro. Não se dirigem a ele senão aqueles ou aquelas que querem casar-se e não encontraram parceiro ou parceira. E se ele não os atende, bota-se a sua imagem de cabeça para baixo.
Uma rádio de Ribeirão Preto, todos os dias, repete a oração a São Jorge. A oração até que é muito bonita, mas sabe-se que São Jorge foi cassado pela Igreja Católica, que sustenta que ele nunca existiu. Creio que este expurgo foi uma grossa tolice. São Jorge continua, com a sua lança, e montado em seu cavalo branco, a combater o dragão, na Lua. O povo nunca deixou de acreditar nele, na sua bravura.
No sincretismo religioso que domina a nossa crença, Nossa Senhora da Conceição é celebrada, e as baianas do candomblé a tem como Iemanjá, e vão até o mar atirar-lhe coroas de flores, para festejá-la.
Mas quantas feições tem a Virgem Maria, desde a Nossa Senhora Aparecida?
Grande coisa seria alguém descobrir um santo até então desconhecido por todos. Pois eles devem existir, embora não se saiba deles
A religião faz parte da nossa intimidade, da nossa infância. As regras para ela nunca deveriam ser absolutas. E assim como o Soldado Desconhecido, sepultado no Arco do Triunfo, em Paris, haverá uma multidão de santos desconhecidos.
Por isso, há também o Dia de Todos os Santos.
A cada minuto, entra uma alma no céu. Eu até acho que o inferno é que está despovoado, ou que, se existe, não funciona, como quer Murilo Mendes.
Deus não condena. Nós é que nos condenamos a nós mesmos. Mas pode ser que um dia também nos perdoemos.
“Sebastian” (Gilberto Gil / Milton Nascimento), com os dois
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=xUCJd1au5AM&hd=1[/youtube]
“Aprendendo a jogar” (Guilherme Arantes), com Elis Regina
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Cc74HeTP_fo&hd=1[/youtube]
“Mentiras de verdade” (João Bosco / Aldir Blanc), com João
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=pfTkinmEzkA&hd=1[/youtube]
Assoviei, fingi à beça
Fiz promessa e o amor não some
Criei um muro e a mesma fome
Morde os braços do adeus
Com a boca eu me despedi
Minhas mãos desdisseram: não, não
Mentira, foi tudo mentira
Você me enganou
Verdade, foi tudo verdade
Eu hoje admito:
Somos um mito, sim
Maldade e carinho
Ternura sem fim
Num laço
Coleira de cetim
Quero esquecer de mim
Ser mais você, menos do que eu…
Verdade e mentira que o amor entre nós reviveu
— E um breque é coisa nossa num samba-canção porque…
“Mente ao meu coração
Mentiras cor-de-rosa
Que as mentiras de amor
Não deixam cicatrizes
E tu és a mentira mais gostosa
De todas as mentiras que tu dizes”
“Mente ao meu coração” ((Francisco Malfitano / Pandiá Pires), com Paulinho da Viola
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=WrcgqK82DsE[/youtube]
“Lupiciniana” (Wilson das Neves / Nei Lopes), com Fabiana Cozza
Logo agora que a senhora da paz
Virou minha senhora
Uma tal de saudade batendo lá fora
Chamou pelo meu nome num samba canção
O que é que eu faço, se for abrir a porta estou
Dando mal passo
Mas eu não tenho veias nem nervos de aço
E quero te falar de todo coração
Moribundo vim morar nessa casa por detrás
Do mundo
Pra viver mergulhado num sono profundo
Sem querer mais saber o que é ter um amor
Meu senhor
Mas um dia a senhora da paz
Prima-irmã da alegria
Veio e se aboletou na cadeira vazia
E curou meu desejo de morte ou de dor
Indeciso indaguei à senhora o que era preciso
Pra eu manter-me de pé sem perder o juízo
Sem ter medo ou remorso, ela disse-me assim:
É o outono, mais um velho palácio que achei no
Abandono, já tem outra rainha sentada no trono
E o tempo da saudade já chegou ao fim
Não engana, diz a ela que a vida é ‘lupiciniana’
E carregar o manto de ex-soberana
Eu não vou nem que o mundo caia sobre mim
“Viola enlurada” (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle), com Marcos Valle e Milton Nascimento
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=FdaZHAXJFkQ[/youtube]