Posts with tag "chico buarque"

Tatuagem

 

 

 

Elis e César Camargo Mariano estavam apaixonados.

Vejam a troca de olhares, as mãos que se buscam.

O amor no ar, a canção maravilhosa de Chico e Ruy Guerra, a interpretação sempre deslumbrante de Elis e o arranjo refinadíssimo de César fazem do vídeo um dos mais lindos já postados no Estrela Binária.

 

 

“Tatuagem” (Chico Buarque / Ruy Guerra), com Elis Regina e César Camargo Mariano

 

 

 

 

Sob medida

 

 

“Sob Medida” (Chico Buarque), com Maria Bethânia

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=K6c9KosEut4[/youtube]

 

 

 

Hoje não

 

 

“Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas”

 

 

“A mais bonita” (Chico Buarque), com Bebel Gilberto e Chico 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=57_2f6nuP2Y&hd=1[/youtube]

 

 

 

Outro retrato em branco e preto

 

 

 

“Retrato em branco e preto” (Tom Jobim / Chico Buarque), com Elis e Tom

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=zS64Qy6774Q&hd=1[/youtube]

 

Já conheço os passos dessa estrada

Sei que não vai dar em nada

Seus segredos sei de cor

Já conheço as pedras do caminho

E sei também que ali sozinho

Eu vou ficar tanto pior

E o que é que eu posso contra o encanto

Desse amor que eu nego tanto

Evito tanto e que, no entanto,

Volta sempre a enfeitiçar

Com seus mesmos tristes, velhos fatos,

Que num álbum de retratos

Eu teimo em colecionar.

 

Lá vou eu de novo como um tolo

Procurar o desconsolo

Que cansei de conhecer

Novos dias tristes, noites claras,

Versos, cartas, minha cara,

Ainda volto a lhe escrever

Pra lhe dizer que isso é pecado

Eu trago o peito tão marcado

De lembranças do passado e você sabe a razão

Vou colecionar mais um soneto

Outro retrato em branco e preto

A maltratar meu coração.

 

 

Feliz 2015

 

 2014

 

 

Se 1968 é um ano que não terminou, como nos revela o delicioso livro de Zuenir Ventura, 2014 será a crônica do ano que não começou.

Os otimistas de plantão — ou pessimistas, dependendo do ponto de vista — dizem que hoje é o primeiro dia útil do novel ano.

Como assim? Todo mundo está careca de saber que o ano só começa de fato no Brasil depois do Carnaval, que este ano será em março.

Mas quando o Carnaval acabar, já em meados de março, estaremos muito próximos do grande acontecimento do ano, a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho no Itaquerão (se estiver pronto) e termina só em 13 de julho, no Maracanã. Quem aguenta fazer alguma coisa nessa expectativa da convocação dos jogadores e dos preparativos do escrete nacional, nossa Pátria de Chuteiras? Se o Brasil for campeão, pelo menos dois meses de comemoração. Se perder, dois meses ou mais de profunda depressão.

Bem, mas depois disso o ano finalmente começa. Começa nada! E as eleições, a longa campanha que paralisa o país até o primeiro turno em outubro? E se houver segundo turno, até novembro.

Encerradas as eleições, já estamos pertinho do Natal e do Ano Novo de novo, fazer mais o quê?

A todos, feliz 2015.

 

“Quando o Carnaval chegar” (Chico Buarque), com Nara Leão

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=E667i9Hynro&hd=1[/youtube]

 

 

Tão bom que foi o Natal

 

 

[youtube][youtube]https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Di6ndDWb68c[/youtube][/youtube]

 

 

Esse compacto foi oferecido pela imobiliária “Clineu Rocha” aos seus clientes, no Natal de 1967.

De um lado, a canção “Tão bom que foi o Natal” composta e interpretada por Chico Buarque. Do outro, faixas com jingles da empresa.

O brinde recebeu menção honrosa na categoria de “Melhor Cartão de Natal”, no”I Prêmio Colunistas Nacional 1968”.

Chico teve atritos com a imobiliária algum tempo depois do lançamento do disco, como se pode ver do trecho abaixo de uma entrevista dele ao COOJORNAL em junho de 1977:

 

Coojornal:   Em compensação, aquela imobilária de São Paulo, a Clineu Rocha, usou com a maior cara de pau uma música tua como jingle…

Chico Buarque:   Mas ela foi a falência como castigo (risos)

Coojornal:   Como foi mesmo essa história da Clineu Rocha?

Chico Buarque:   Não, foi um negócio de dez anos atrás. Eu fiz uma musiquinha, gravei com violão assim, que era para essa empresa distribuir aos seus clientes de brinde no Natal. Mas estava escrito, não era gravação comercial, não era para tocar na rádio nem nada. Agora há dois anos atrás usaram no Natal como jingle da firma. Aí fui lá e processei e eles me deram a grana porque era um abuso.

 

 

  

Filhos da inocência

         

         Euclides Rossignoli

euclides rossignoli

 

 

 

 

 

 

Pela ampla repercussão que tem em diferentes níveis da vida do País, entendo que o mais grave problema brasileiro é a explosão da reprodução humana nos grupos mais pobres e de menor escolaridade da população. É incompreensível a  desatenção do poder público, da instituição família e dos meios educacionais com relação a ele.

Eu me inquieto com os adolescentes, aqueles meninos e meninas,  que se tornam pais sem o desejarem aos treze, catorze ou quinze anos. É muito triste ver uma menina nesta idade engravidar sem querer engravidar e ter um filho sem que conscientemente o desejasse.

A vida dos adolescentes que involuntariamente se tornam pais passa normalmente por grandes transtornos. O menino, sem condição econômica de corresponder ao evento, muitas vezes abandona a menina e o filho ao Deus dará. Mas, se for pessoa sensível, terá de carregar pela vida toda a culpa pelo abandono. A adolescente, por sua vez, acaba tendo de deixar a escola e de assumir antes da hora um trabalho qualquer para criar sozinha o filho. 

Mas a precocidade na geração da prole produz resultados sociais que vão muito além dos problemas que afetam os jovens pais. Despreparados, do ponto de vista econômico e emocional, para cuidar da sua descendência, os jovens envolvidos acabam por sobrecarregar suas famílias. Mais tarde, com enorme frequência, aparecem os problemas dos próprios filhos na escola e, fora dela, na sociedade mais ampla. Seria de admirar que o crime e as drogas não encontrassem campo fértil, mais adiante, entre esses filhos de jovens que tão cedo se tornaram pais. 

Entre a população mais pobre e menos escolarizada a gravidez não desejada é também evento de enorme ocorrência. O resultado são os milhões de famílias que não conseguem obter sequer o necessário para a subsistência. A pobreza aguda e permanente das populações das periferias dos grandes centros e de muitas outras áreas do País guarda estreita relação com o problema da explosão da reprodução humana pela gravidez não desejada. Vai hoje pela casa dos treze milhões o número de famílias que recebem auxílio governamental direto para sobreviver.

Um sexualismo avassalador permeia toda a nossa cultura. A poderosa força do erótico está presente na TV, no cinema, na moda, na publicidade, nas revistas e nos jornais. As novelas são o exemplo mais notório. O ativismo sexual antes do casamento, que até meados dos anos 1960 era amplamente vedado às mulheres, hoje é comportamento habitual desde a adolescência.

A reprodução não desejada, que dificulta ou destrói qualquer planejamento de vida familiar, é problema sério de educação que não tem merecido a menor atenção do poder público. É preciso, pela educação sexual, tornar claro para todos, especialmente para as mulheres, que a natureza pode cobrar um preço elevado pela oportunidade do prazer sexual sem precaução. Houvesse mais cuidado nas relações destituídas da intenção de procriar e muito menos haveria para se discutir e para se legislar acerca da questão do aborto.     

Hoje, mais do que no passado, existem meios contraceptivos seguros para evitar a gravidez não desejada. O que falta é uma política que dê a todos, homens e mulheres, jovens e adultos, informação e acesso aos recursos que a ciência criou para este propósito. A ausência de ação da família e dos poderes públicos na área da reprodução humana pode, sem nenhum exagero, ser entendida como atentado a um direito elementar dos humanos: o direito que cada um tem de planejar sua vida e a vida de sua prole.

 

criança abandonada

 

 “O meu guri” (Chico Buarque), com Elza Soares