“Estrada Branca” é o exemplo acabado do encontro de dois talentos na sua plenitude e exata completude.
A fina melodia de Tom Jobim é uma ária à altura de qualquer um dos maiores compositores clássicos, e a letra de Vinicius de Moraes, na sua aparente simplicidade, é um poema de grande sofisticação e absoluto domínio técnico (rimas internas, aliterações, jogo de palavras), em perfeita harmonia com a melodia de Tom.
A interpretação de Chico Buarque (que muitos desconsideram como cantor) nada deve a de mestres como Frank Sinatra, Caetano Veloso, Gal Costa, e até mesmo a divina Elizeth Cardoso, entre outros, que gravaram a canção.
Estrada branca, lua branca, noite alta, tua falta,
caminhando, caminhando, caminhando, ao lado meu.
Uma saudade, uma vontade tão doída,
de uma vida, vida que morreu.
Estrada, passarada, noite clara,
meu caminho é tão sozinho, tão sozinho, a percorrer,
que mesmo andando para a frente,
olhando a lua tristemente
quanto mais ando, mais estou perto de você.
Se em vez de noite fosse dia,
e o sol brilhasse e a poesia
em vez de triste fosse alegre de partir.
Se em vez de eu ver só minha sombra nessa estrada
eu visse ao longo dessa estrada, uma outra sombra a me seguir.
Mas a verdade é que a cidade ficou longe, ficou longe
na cidade, se deixou meu bem-querer,
eu vou sozinho sem carinho,
vou caminhando meu caminho,
vou caminhando com vontade de morrer.
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