“Marcha da quarta-feira de cinzas” (Vinicius de Moraes / Carlos Lyra), com Toquinho
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=kl6iknBuVNE[/youtube]
“Marcha da quarta-feira de cinzas” (Vinicius de Moraes / Carlos Lyra), com Toquinho
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=kl6iknBuVNE[/youtube]
“Se todos fossem iguais a você” (Vinicius de Moraes / Tom Jobim), com Gal Costa
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=RbNDo5PGRbo[/youtube]
O APRENDIZ
Houve um tempo em que tudo era tão novo,
tão surpreendente, impressionante e aventuroso,
o clarão do sol, o luar, as estrelas frias,
o dia que sucedia à noite, os sons e as vozes
que às vezes se pareciam ou distinguiam,
o tesouro que se escondia do olho no fim do arco-íris,
as letras que pouco a pouco povoavam e se escreviam
em palavras e pensamentos que nele havia,
mas ainda não sabia.
“O poeta aprendiz” (Vinicius de Moraes / Toquinho), com Adriana Partimpim
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=GcwLeMiGF3g[/youtube]
ALGUM DIA
Um dia
talvez do amor saibamos.
Não a paixão do amor,
que só ama a própria chama,
não a ilusão do amor,
esperança que se engana,
mas o amor outra cosmogonia
que tudo engloba e o universo transmuda.
O amor benfazejo cativeiro
daquele que não cabe só em si
e só no outro vive inteiro.
O amor outro idioma e outra grafia,
que precisamos aprender
desde as primeiras letras
para só então traduzi-lo.
O amor antropofagia,
que no outro se devora,
moléculas e espíritos se fundem
e confundem no vasto cosmo
em que um sol ou uma estrela serão
um dia.
“Eu sei que vou te amar” (Vinicius de Moraes / Tom Jobim), com Maria Creuza, Vinicius e Toquinho
Na pedregosa Pedregulho, de terra vermelha e chão batido, com poucas ruas asfaltadas, o menino se esbaldava em total liberdade.
Próximo da casa o curral onde se buscava e bebia todas as manhãs o leite acabado de tirar. O campinho de futebol em frente, os eucaliptos, o grupo escolar um pouco acima.
Abaixo, atravessando uma vala equilibrando-se na pinguela estreita e improvisada com troncos de árvore, havia um grande pasto com um riacho, que empoçava e formava um brejo mais ao fundo . Foi ali que viu o sapão pela primeira vez. Havia outros, mas aquele era o rei, o macho alfa. Voltou várias vezes para admirá-lo. Num dia em que o sapão estava mais pachorrento do que de costume, atirou-lhe umas pedrinhas para que saltasse ou exibisse seu lingueirão repentino, mais rápido do que o saque de qualquer pistoleiro do Velho Oeste. Foi então que um dos amigos o alarmou:
─ Xiiiii, você não devia fazer isso, provocar o sapo! Agora tem de matar, senão ele vai à noite na sua cama e mija em você!
Não tinha coragem nem vontade de fazer mal algum ao pobre sapo, só queria mesmo atiçar ele um pouco. Claro que estava fora de cogitação matá-lo, mas ficou impressionado com a lorota do amigo, e passou duas ou três noites incomodado, acordando sobressaltado durante a noite. De dia, ia ver se o sapão continuava por lá. Será que de noite…?
Acabou contando sua aflição para o pai, que riu muito e lhe disse que aquilo tudo era bobagem. Foram juntos ver o sapão e na volta o pai, talvez para tranquilizá-lo de vez, contou-lhe que o avô era grande amigo dos sapos e até tivera um de estimação na fazenda que ficava ali perto, em Rifaina, na divisa com Minas Gerais, e que depois vendeu para quitar dívidas da grande crise cafeeeira.
─ Como você é neto do Coronel Asdrúbal, não precisa ter medo de sapos. Eles fazem parte da família…
Um dia, remexendo nos escritos do pai, reencontrou a história do sapo avoengo.
CROQUIBILU
Croquibilu era um sapão de mais de um palmo grande aberto, e achou de vir aos pulos balofos até à escada, subindo-lhe igualmente os degraus, e achou-se afinal no piso do alpendre. Então, foi indo, e escolheu um lugar, ali no canto, entre um caixote e um latão, e se acomodou, confortável. Logo viria, pois era noite, a lamparina de querosene, que foi posta em cima do parapeito. E as mariposas, imediatamente, começaram a rodar em torno da luz. Aquilo foi um gozo para o sapão Croquibilu, pois era só estender a língua e papear as bicihinhas. No entanto, alguém o viu ali e gritou: “Que horror, um sapão!”, pois a Mãe tinha muito medo dos sapos. Mas o Pai também veio vindo, viu Croquibilu no seu sossego, e recomendou: “Deixem o sapo em paz!” E assim se fez.
Logo que amanhecia, mal o sol despontava no horizonte, o Pai pegava a vassoura, e ia empurrando o sapão: “Vamos, amigo!”, e Croquibilu saltava uns palmos adiante – póf! Chegavam ambos até a escada, e desciam-na do mesmo jeito até alcançar, varando a porteirinha, o pasto, onde o sapão ficava, ou ia para os brejos, não longe. Ao entardecer, porém, Croquibilu retornava, galgava os degraus da escada, e ia para o seu canto habitual, a papejar as mariposas.
Longo tempo este ritual se repetiu, e Croquibilu já era um membro estimado da família.
Muitos anos depois, a trineta do Coronel Asdrúbal desde cedo se mostrou maravilhada pelos sapos, um dos seus bichos prediletos.
Quem sabe um deles se transforme no seu príncipe encantado? Aí eles poderão dormir e sonhar juntos.
” A hora do sim é o descuido do não…”
“Sei lá… a vida tem sempre razão” (Vinicius de Moraes e Toquinho), com Tom Jobim, Chico Buarque e Miucha
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=KtL08d4xfaQ[/youtube]
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=lqtfa7vggtc[/youtube]
A MULHER QUE PASSA
Vinicius de Moraes
Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?
Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida?
Para o que sofro não ser desgraça?
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!
No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!
Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que boia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.
“Sabe você?” (Vinicius de Moraes / Carlos Lyra), com Cris Dellano e Roberto Menescal
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Q36sojLjYeE[/youtube]
“Canto triste” (Vinicius de Moraes / Edu Lobo), com Edu
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=SEpirwxn2og[/youtube]
“Então, Baden, Chopin esqueceu de fazer essa…”
Vale a pena ouvir o relato delicioso de Baden sobre o nascimento de uma das mais belas canções da dupla e de toda a MPB.
“Samba em Prelúdio” (Vinicius de Moraes / Baden Powell), com Baden
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=_Gl_ccPe-ps#t=341[/youtube]