Quando entra pé ante pé
a poesia não tem chave
que abre a porta
não tem boca
nem tem voz
que fala a nós
não tem nariz de cera
para nos aprazer ou entreter.
Na calada da noite
a poesia é toda ouvidos
para reverberar a nossa voz
se nada temos para nos dizer (a sós)
todos ouvidos são poucos
todos olvidos são moucos.