Operação-padrão

 

 

 

 Ponte Rio-Niterói

 

 

               “O Brasil não é um país sério!”

               Há quem até hoje sinta os brios patrióticos feridos com essa famosa frase atribuída a De Gaulle, mas que teria sido pronunciada de fato pelo próprio embaixador brasileiro na França, diante da inabilidade do governo brasileiro durante o patético episódio que se tornou conhecido como Guerra da Lagosta, em que quase fomos às vias de fato com a França para decidir se lagosta andava ou nadava…

               Prefiro outra, que seria de Tom Jobim (não sei realmente se foi ele o primeiro a dizê-la): “O Brasil não é para principiantes”, da qual há um sucedâneo: “O Brasil não é para amadores”.

               Todos os dias nos afrontam inúmeros fatos e exemplos que atestam o acerto das três sentenças.

               Veja-se, por exemplo, a tal de “operação-padrão” que costuma ser posta em prática especialmente por servidores da Polícia e da Receita Federal, mas não apenas por eles, quando reivindicam aumento ou outro benefício a que fariam jus.

               Ainda agora acha-se em curso mais uma, causando como sempre um enorme transtorno nos aeroportos, portos e pontos de fronteira.

               Do que se trata, afinal, a “operação-padrão”?

               Simplesmente em cumprir, em todos os seus termos, as normas e regulamentos que os servidores têm ou teriam obrigação de cumprir todos os dias.

               Ora, se isso causa tamanho alvoroço e tanta dificuldade operacional a ponto de ser utilizado como arma ou recurso para forçar o governo a atender as postulações da categoria, duas conclusões ― que não se excluem ― são de uma obviedade ululante, como diria aquele outro grande frasista, Nelson Rodrigues:

               1.          os servidores habitualmente não cumprem o seu dever funcional, o que exigiria que fossem punidos;

               2.          as normas e os regulamentos estabelecidos como “padrão” são absolutamente estúpidos e impraticáveis, já que atravacam o país, o que exigiria que fossem reformulados.

               É aí que entra outra instituição genuinamente tupiniquim, como a jabuticaba, que é o “jeitinho brasileiro”.

               Será que temos mesmo jeito?

 

 

Aeroporto Tom Jobim

 

 

 

Um comentário

  1. 10/08/12 at 19:51

    Antonio, quem voltava do trabalho levou de 5 a 6 horas para chegar “do outro lado da poça”. É surreal paralisar uma ponte como a Rio-Niterói…
    Leio que acabaram de compor a música que será o tema da Olimpíada carioca. Diz um dos compositores que ficou linda e é como “se os deuses do Olimpo viessem para o Rio se divertir”. O primeiro deus que pegar um engarrafamento desses vai se jogar do vão central…

    Beijocas!

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