Ele é bem mais velho do que eu.
Nasceu no mês de agosto de um longínquo ano…
Eu, no mês de novembro!
Natural, pois, que a catarata o pegasse primeiro (se bem que a dele foi causada por uma pancada que sofreu).
Mas isso pouco importa.
O que importa (com ou sem catarata) é que desde os verdes anos observamos as mesmas estrelas, ainda que de navios diferentes (com sua licença, Aldir).
Em homenagem aos seus novos focos,
permita-me que lhe dedique novamente
esses flocos
de poesia:
DEJÀ-VU
De olho no olho que não vê
já vejo tudo.
Como um dejà-vu constante,
tenho registrado cada instante
de um tempo antecedente,
quase oculto,
por detrás das cataratas
e das corredeiras.
Onde ordeiras baratas
e satânicos colibris
faziam seu festim macabro…
acabo já-já com esse passado!
levado embora
pela impávida aspiração
que seca a neblina,
que embaça a nitidez
da paisagem cristalina.
Mas as cortinas já se abrem
para o segundo ato
e o fato se submete
ao enredo teatral.
E a verdade aparece na revista
mesmo vista
com olho artificial.
(mas um pouco de miopia é bom, porque permite não se ver as coisas como de fato são…
e deixa ver outras como gostaríamos que fossem. Lembra?)
Brenno Augusto Spinelli Martins