Posts from maio, 2013

 

 

 

“Luzes” (Paulo Leminski), Arnaldo Antunes

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ie7KJrgyiUk[/youtube]

 

 

Paira uma controvérsia sobre a autoria dessa canção.

Segundo alguns a letra seria de Leminski e a melodia, de Ivo Rodrigues.

Todavia, as fontes mais confiáveis dão que foi Leminski sozinho quem fez letra e música.

Arnaldo Antunes apenas interpretou.

 

 

Celebre-se

 

       Selma Barcellos

Selma 2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem acompanha o Bloghetto desde o início sabe de minha admiração pela poesia de Leminski. Volta e meia seus versos inquietam as singraduras do barquinho.

O que eu não esperava, aliás, ninguém, e alguns articulistas já se debruçam sobre a surpresa, era ver o recém-lançado “Toda Poesia”, a obra reunida do poeta, morto em 1989, na lista de best-sellers nacionais. Tínhamos aprendido que “poesia não vende”.

Em excelente artigo, José Miguel Wisnik tenta explicar o fenômeno do “catatau cor de laranja em meio a não sei quantos tons de cinza”, do “quinau de poesia flanando distraidamente em meio à corrida dos mais vendidos, com um pique vencedor” (aqui ele brinca com um dos livros do poeta, o “Distraídos venceremos”) e conclui que a medalha já é de Leminski. Afinal, afirma, “o grande teste de um poeta é morrer, quando ele revela, como é o caso, o seu surpreendente poder de renascer”.

Caetano Veloso também comemora o feito: “Por ora, basta celebrar a virada de jogo que representa essa boa nova. Que poesia volte a vender livros no Brasil é uma revolução. Que esta esteja sendo feita por Leminski é sinal de que ela é profunda”.

À cabeceira faz tempo, sorvo em gotas diárias a primorosa coletânea do poeta. Seus versos, guardados por capa laranja feito cone de trânsito, revelam caminhos, desvios e becos. Poesia é isso.

 

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(Revista “O Globo”, 28 de abril/2013, Daniela Dacorso)

 

P.S.: Gostei da foto… Pela criatividade da moça, pela ‘expressão’ de Drummond parecendo retribuir a beijoca com um belo piropo – qual seria? – , por tudo que foi dito acima. Que os jovens abracem, literalmente, a (boa) poesia. Alvíssaras!

 

 

Paulo Leminski, todo poesia

 

 

 toda-poesia-leminski

 

 

                                                  ler pelo não

 

                                        Ler pelo não, quem dera!

                                Em cada ausência, sentir o cheiro forte

                                        do corpo que se foi,

                                a coisa que se espera.

                                       Ler pelo não, além da letra,

                                ver, em cada rima vera, a prima pedra,

                                       onde a forma perdida

                                procura seus etcéteras.

                                       Desler, tresler, contraler,

                                enlear-se nos ritmos da matéria,

                                       no fora, ver o dentro e, no dentro, o fora,

                                navegar em direção às Índias

                                       e descobrir a América.

 

                                               

 

                                   objeto

                                   do meu mais desesperado desejo

                                   não seja aquilo

                                   por quem ardo e não vejo

 

                                   seja a estrela que me beija

                                   oriente que me reja

                                   azul amor beleza

 

                                   faça qualquer coisa

                                   mas pelo amor de deus

                                   ou de nós dois

                                   seja