“Só peço a você
um favor, se puder,
não me esqueça
num canto qualquer…”
“O caderno” (Toquinho / Mutinho), com Toquinho
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=dFb1jKEzER0[/youtube]
“Só peço a você
um favor, se puder,
não me esqueça
num canto qualquer…”
“O caderno” (Toquinho / Mutinho), com Toquinho
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=dFb1jKEzER0[/youtube]
Selma Barcellos
Para quem, como a blogueira, conserva o prazer de escrever à mão, aliás, com o corpo todo, sem mediação, no terreno baldio da folha de papel, não encontro ilustração mais perfeita para o nascimento de um texto, passados os pontapés iniciais do embate com a inspiração, os alarmes falsos… Em algum momento a palavra gestada nos chega. E nos alenta.
Sobre o ato hoje quase lúdico de manuscrever, o poeta Armando Freitas Filho se justifica dizendo que “a máquina de escrever, o computador estão sempre passando a limpo, estão ‘entre’ o que se escreve e a mão.” Indagado se o lápis e a caneta também não estariam, responde: “Mas quem diz que escrevo com lápis e caneta? Escrevo, isso sim, com o dedo em riste.” Ah, poeta… E completa:
A letra tremida da infância
ou da mão travada pela idade
quando impressas, não passam
a aceleração do sentimento
nem o avanço da paralisia.
Só o leitor pode recuperar
o bastidor da sensação
que se gastou num polo
ou no outro, embalsamada
na letra morta de imprensa.
Jamais supérfluos, não me faltem o bloquinho e a Bic de ponta fina aonde for. Mania doida de rascunhar, desenhar, esboçar, destacar vida que passa e que de algum lugar me acena. Ao alcance das mãos. Assim.