(Ilustração de Annibal Augusto Gama)
CAMALEÃO
(ou fim de tarde no Pinguim)
Às vezes
quero ser gordo e barrigudo,
sossegado,
mas de humor agudo,
amigo de todos
e de tudo.
Outras vezes
penso em ser franzino,
frágil,
pequenino,
mas sem temor algum
como Gandhi
saído de um jejum.
Noutra hora
já muda minha meta,
sonho ser robusto,
decatleta,
que em ação pelas pistas
até prega susto
com proezas nunca vistas.
A cada instante
sou um outro
astronauta, cantor de bolero,
poliglota, rei,
somente não quero
o que fui, o que sou
e o que serei.
Acho que gordo e barrigudo são características que nem em sonho…. Outras formas creio que todos temos momentos de pensamentos assim soltando o camaleão que nos habita. Somos muitos ao mesmo tempo sempre, o que enriquece nossos dias e divagam pelos nossos sonhos.
Sonia, que bom você por aqui de novo.
Beijão.
Metamorfose ambulante?
Estado de espírito?
Tudo?
Todas, Célia (no Pinguim)…
Camaleão foi ao Pinguim
Com seus mil e um disfarces
Mas ao sair assim, assim
Tudo enfim foi revelado
A luz da lua (em raio X)
Exibiu-lhe a secreta face:
Poeta pra todo lado.
Beijocas!
Gravação estupenda de Caetano e Gadú!
Standing ovation para a ilustra do mestre. Babei!
A ilustração e o seu poeminha-comentário são muito melhores do que meu poemeto de ocasião, Selminha.
Beijocas.
Gama, eu adoro o chope geladíssimo do Pinguim que talvez seja o mais famoso do Brasil. É muito leve e saboroso.
Quem sabe, um dia, se eu for lá, pode coincidir de nos encontrarmos?
Parabéns por mais um grande poema de sua autoria.
Abraçaço.
Foi escrito num guardanapo, André.
Difícil foi entender depois o que estava escrito…
Gama querido, ser poeta.
Grandeza maior, meu amigo?
Na verdade são divagações, a gente pensa de tudo. Mas, na minha opinião, a gente quer ser a gente mesmo. Às vezes, a gente nem sabe disso.
Se assim não fosse, a gente daria um jeito de mudar. Posso estar certo?
Muito bom, lembro desse guardanapo…
e, “por oportuno”, permita-me:
Hoje posso fingir que não sou
como pude fingir que não fui
mas confesso que não poderei
desfingir o que sempre serei